Muitas horas mais tarde.
A dupla de detectives desperta. Estão sentados
sobre cadeiras bem
confortáveis. O local é uma
sala muito grande e de aspecto circular. Chão de
ladrilhos triângulares cor de terra, no teto a
imensa figura de uma pirâmide
com a ponta
desconectada e nela um olho aberto. Em frente
aos detectives há
três poltronas, na verdade
assemelham-se mais a pequenos “tronos”, neles
estão
sentados (do ponto de vista da dupla)
a direita: o tal agente loiro que invadiu a sede
da Scotland Yard com dezenas
de “capangas”
do Dept. 77; ao centro: um distinto senhor de
cabelos brancos e olhos
cinzentos, trajando um
terno de valor mais alto que a soma dos salários
de um
ano dos dois detectives; a esquerda:
uma linda loura de olhos azuis vestindo um
manto sacerdotal branco.
– Onde
estamos? Quem são vocês?
Isto é o Céu? Não! Se for, aquele ali só pode
ser a
serpente do paraíso…
– ironiza
John indicando o loiro.
– Os senhores
estão em Londin…, digo,
Londres. Nós somos… pessoas de boa-fé…
– Certo,
“senhor-de-boa-fé”, até onde posso
me lembrar estávamos enfrentando
“sei-lá-o-quê” dentro dos esgotos de Londres
e agora cá (seja lá onde for isso!!) estamos.
Afinal, o que raios está havendo?
– Eu disse
que deveríamos tê-los matado
antes, mas não!!! Esses malditos escrúpulos
morais
ainda serão a nossa ruína!!
– esbraveja o
loiro.
– Cale-se!
Não vê que eles já estão
suficientemente assustados?
– intervém a mulher.
– Você me é
estranhamente familiar…
– murmura
Alexander mirando a mulher.
Intuitivamente ele segura a esfera de ônix negra
em
seu bolso. Ela olha para ele com os olhos
repletos de ternura. Em seguida
volta-se para
o ancião:
– Viu? Não
foi o que lhe disse? Adiantou
alguma coisa fazer aquilo?
– É. Não
adiantou nada mesmo. Eles são
REALMENTE cabeças-duras.
– Vou tomar
isso como um elogio!
– ironiza
John.
– Desfaça,
por favor! – suplica mulher, a
princípio em
tom imperativo. O velho ergue-se,
caminha até a cadeira de Alexander e toca-o
na testa com o dedo mínimo de sua mão
esquerda. Ao fazer isso todas as
lembranças
que lhe foram tomadas, retornam.
O velho volta a sua poltrona enquanto
Alexander faz um “re-reconhecimento”:
– Diana! Vincent Vaugh! Então…
– Alguém pode
me explicar o que está
acontecendo aqui!!!
– berra o injuriado detective londrino.
– Vocês já foram
mantidos no escuro por
tempo demasiado, é chegado o momento
de contemplarem a luz da Verdade…
–
Finalmente!!!
– suspira aliviado o detective
inglês.
– Mas melhor
seria se desistissem
disso tudo agora…
– Nós já
fomos longe demais para
desistirmos…
– Entendo.
– “Entendo” o
cacete!!! Vou fazer agora
o que já deveria ter feito no início
dessa estória toda!!!
– berra raivoso o agente loiro, sacando sua
automática e
aproximando-se dos detectives com
ela empunhada e engatilhada. Ele encosta a
arma na testa de Alexander, que, impassível,
sequer move um músculo. Olha frio
seu
oponente, dentro dos olhos, encarando-o
desaforadamente. O ancião grita algo em um
dialecto que os detectives desconhecem,
o
agente hesita, pára, o suor escorre em sua fronte,
ele desengatilha a arma e
volta a passos
resignados a sua poltrona, murmurando:
– Depois não
digam que não avisei…
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