Google+ fevereiro 2009 | A Pirâmide de Kukúlkan

O último reduto onde os Asseclas do CONCLAVE encontram-se...

PIRATAS!!! - Cap. 62

A chegada ao porto de La Villa Rica de la Vera Cruz significou alívio para muitos e descanso para todos.
Entretanto, Sangre jamais baixa a guarda. 
Tão logo põe os pés em terra firme 
é recebido pelo comandante de fragata 
Alejandro Ladrillero Coronado Del Lagarra 
e pelo Capitão de Porto 
Ruan Montego del Yáñez Pinzón.

Após os devidos cumprimentos e 
salamaleques oficiais, Sangre não 
perde tempo e inquire:
— Onde está?

Ao que o comandante Lagarra 
responde de pronto:

— A bordo do Lealdad, minha nau.

— Armamentos?

— 120 canhões.

— Bom. Muito bom. 
Desafiador, diria até. Tripulação?

— Uma vez e meia a habitual. 
Os mais bem treinados a serviço 
de sua Majestade, o Rei Filipe II.

— Uma vez e meia? Por que não 
o dobro de uma vez?

— Devido ao tamanho da carga, sobrou 
pouco espaço para os víveres, 
o que nos obrigou a diminuir 
nossas intenções de contingente a bordo.

— Compreendo. E a escolta?

— Mais quatro galeões: o Alabarda de Dios
comandado pelo capitão 
Aguirre Javier I Oviedo Del La Coruña; 
El Bravio de Los Mares
sob a mão de ferro do coronel-de-fragata 
Salazar Zenon Alzamora; 
Dominacion, conduzido pelo general 
Ramón Torres Boil & Ferrández e 
La Fúria Española, capitaneado por 
Gelmires Rodríguez Guerra Ibargüen.

— Todos da velha escola, pelo que vejo.

— Si! Da Real Academia de Marinha 
Espanhola. Vejo que está 
familiarizado, Capitão Sangre.

— E como não estaria? Tantos de vós 
já foram postos a pique pelos 
sujos corsários ingleses, 
que nosso mui estimado soberano 
deveria mudar o nome para 
Real Academia Espanhola de Náufragos...



Imagens piratas... - 061

Tornado: a fúria do mar!


Emergindo da neblina como um fantasma de outrora...


A aterradora visão do mítico Der Fliegende Holländer!!!


O Demônio Maia resiste!


A tempestade perde força...


Por fim os elementos retomam o repouso.


Porém a visão do Holandês Voador permanecerá indelével em suas almas. 



PIRATAS!!! - Cap. 61


Muitos caem de joelhos orando, 
clamam perdão por seus pecados, 
orando por redenção as suas almas negras. 
Salvação esta que não virá!

O gigantesco galeão iluminado 
por feérica claridade de origem 
fantasmagórica navega o céu revolto 
com velas enfunadas CONTRA o vento! 
Raios parecem abrir seu caminho 
enquanto um coro de vozes moribundas 
inunda o ar, tornando impossível 
a um cristão manter a sanidade. 
Naquele instante em que os mais duros 
entre os mais duros choram e 
soluçam como menininhas; 
Sangre atira sua botija de rum vazia ao mar 
e berra aos céus enfurecidos:

— Bem-vindo Der Fliegende Holländer
Faz um bom tempo desde a última vez, não? 
Já tapou os buracos que fiz 
em teu casco com meus canhões?
Neste momento um trovão como nunca 
se ouvira antes na Terra reverberou 
pleno de ódio!

— Então se sabe o que ti espera, 
saia do meu caminho, ou ti derrubo daí de cima! 
É meu último aviso! 
Berra desafiador o capitão do Demônio Maia!

No que se assemelhava a uma resposta, 
um longo silvo de lamentos, 
como se milhares de almas torturadas 
uivassem em tormento varou cada vivente 
a bordo da nau espanhola! 
O vento aos poucos serenou, 
a chuva cessou, 
o mar acalmou e 
os elementos entraram em repouso.

— Já vai tarde. Minhas saudações ao Diabo!

Despede-se Sangre abanando 
seu chapéu de três bicos; 
retorna-o à cabeça, 
segura firme o leme com ambas as mãos. 
Então esbraveja:

— MacGregor! Meu rum!

 O resto da viagem correu em relativa 
tranquilidade, fora alguns incidentes 
isolados envolvendo 
um certo Onça e seu descomunal 
apetite por confusão...

Imagens piratas... - 060










PIRATAS!!! - Cap. 60


Seria este o triste fim desta desventurada dupla 
não fosse a rápida intervenção de outro marujo: 
Olavídez de Andaluzia. 
Beberrão, adúltero, desvirginador de freiras, 
blasfemo estuprador de coroinhas, 
trapaceiro e dono da melhor pontaria 
com punhal a bordo do Demônio Maia!
Olavídez sequer pensou ou piscou. 
Sua adaga cortou a chuva como 
um navio singra o mar com destino 
a um porto certo e seguro. 
A serpenteante corda cessa de súbito 
seus movimentos ao ser firmemente 
presa ao convés pela arma branca. 
O famigerado corsário caminha 
de modo vago até a corda e 
segurando-a com força, puxa ambos 
à segurança (?).

Enquanto isso ao timão, o Capitão Sangre 
mostra porque ele; 
e ninguém mais manda naquele navio! 
Segurando o leme com a firmeza do aço 
e uma vontade pétrea que desconhece 
o esmorecimento ou o cansaço, 
Sangre mantinha o navio fixo na rota, 
sem desviar uma jarda náutica! 
Com uma mão ao leme e a outra 
entornando o rum, 
gargalhava dos elementos em revolta, 
debochava da tempestade 
e ria da ira do mar!

— É só isso? Essas ondinhas que sequer 
emborcariam uma canoa de pescador? 
Esta brisa que mal infla minhas velas? 
Poseidon, já foste mais poderoso que isso... 
HUÁ, HUÁ, HUÁ, HÁ, HÁ, HÁ!!!!!!

Trovões rimbombam no ar, 
ventos açoitam o navio como 
um gato de nove rabos e 
o próprio mar parecia disposto a engolir 
a nau inteira como se fosse 
um gigantesco monstro marinho!
Eis então, que diante dos olhos assombrados 
dos marinheiros uma visão do outro mundo 
assoma por entre as nuvens negras: 
O HOLANDÊS VOADOR!!!

Imagens piratas... - 059

Que navio poderia resistir a semelhante tormenta?


Céus toldados em fúria!!!


O que aguarda-os no horizonte...


A tempestade vista de cima...


PIRATAS!!! - Cap. 59


Um dos mais habilidosos marinheiros a bordo, 
Cervantes, era conhecido como “Aranha-do-Mar” 
por sua agilidade e facilidade no manejo dos cabos. 
Aquele definitivamente não era o seu dia: 
ficou pendurado pela amurada, quase sendo 
tragado para os abismos marinhos. 
Seu destino seria alimentar os peixes 
não fosse a providencial ajuda de seu 
companheiro de piratarias: 
Estevãn “Onça” Bertolluci.

Normalmente um covarde assumido, 
este pirata filho de um flibusteiro espanhol 
com uma nativa das colonias portuguesas 
na América tinha lá seus momentos... 
E este - com certeza - era um deles! 
Amarrando à cintura uma corda, 
deixou-se levar pelo movimento do 
próprio navio até Cervantes, 
chegando até ele mais rápido 
do que esperava. Manejando a corda 
com destreza insuspeitada laçou 
o colega e o puxou a bordo! 
Lamentavelmente a pontaria do Onça 
não equivalia a sua destreza... 
Terminando por laçar o pescoço do amigo! 
Por muito pouco o salvamento não se torna 
enforcamento! A um alto custo consegue 
arrastar Cervantes a bordo, quando um 
relâmpago acerta em cheio um canhão 
a estibordo, fazendo-o em pedaços! 
Lascas metálicas voam em chamas crepitantes 
por todos os lados no tombadilho! 
Como desgraça pouca é bobagem, 
uma delas acerta a corda que prendia o 
Onça ao mastaréu! Ele mal tem tempo 
de engolir em seco quando sente o cabo 
afrouxar e com ele sua vida se esvair! 
Na outra extremidade Cervantes 
se debatia como um peixe tentando 
em vão escapar ao sufocamento!

Imagens piratas... - 058









PIRATAS!!! - Cap. 58

— Certifique-se que cada uma dessas 
ostras cumpriu suas tarefas senão... 
Sangre sequer completa a frase. Apenas 
desvia o olhar na direção do cordame 
onde um homem seminu encontra-se 
amarrado pelas mãos e pés, exposto ao sol 
sem uma ver uma gota d’água há dois dias!
— Sí, mi Capitán! – responde convicto 
o imediato (mas sentindo um calafrio 
percorrer lhe a espinha).
No que Ramirez se afasta, Douglas retorna.
— Eis o vosso rum, Capitão.
Ele entrega uma botija de cinco litros 
a Sangre que entorna a metade de um gole só! 
O sinistro pirata devolve o garrafón ao escocês, 
limpa a boca com a manga do sobretudo 
e arremata:
— Pra começar o dia tá bom! 
Guarde isso marujo e com cuidado! 
Sangre dá um olhar para o infeliz marujo 
que o faz repensar toda sua vida.
— Com certeza, Capitão.
Sangre sabe esta talvez seja a última dificuldade 
a ser enfrentada antes de encher os porões 
de seu navio com toneladas de ouro espanhol, 
razão pela qual deveria manter o pulso 
mais firme que o habitual, pois o 
menor deslize poria em risco todo 
seu bem urdido planejamento.
Conforme previra a tempestade veio. 
E não era uma tormenta qualquer! 
Não! Mais parecia a mãe de todas as borrascas! 
Ventos ciclônicos arremessavam 
marujos ao mar como se fossem gravetos, 
peixes enormes eram jogados dentro do navio 
que rangia inteiro como se fosse partir-se ao meio!!! 
Raios atingiam o convés eletrocutando 
mortalmente quem estivesse em seu alcance 
e chuvas torrenciais a ponto dos marujos 
não mais saberem distinguir céu e mar!


Imagens piratas... - 057



O imediato Ramirez Saragoça Del Compostella ao timão

Pau-de-Rum: o médico e cirurgião de bordo


Olavídez de Andaluzia - el gambler

Estevãn “Onça” Bertolluci

O jovem Douglas "Chuk-Chuk" MacGregor
poucas semanas antes de embarcar no Demônio Maia



PIRATAS!!! - Cap. 57


— Preparem-se bando de macacos 
piolhentos, vamos encarar uma 
tempestade das grandes! 
Quién no tiene cojones 
que se lance ao mar agora! 
Ou eu mesmo o atiro!
O navio se põe em polvorosa, os marinheiros 
se agitam no que parece um frenesi caótico, 
todavia, há método nesta loucura: 
amarrando tudo o que pudesse se mover, 
rizando velas antes que fiquem em tiras, 
guardando a pólvora a salvo da água, 
firmando cabrestantes, vergas e retrancas 
(que porventura pudesse atingir alguém 
no afã da intempérie).
Cada homem a bordo sabe exatamente 
qual a sua função e como exercê-la à perfeição. 
Apesar dos resmungos, Sangre sabe 
que está bem servido pela melhor 
tripulação que já fretou um navio corsário 
deste lado das Colunas de Gibraltar!
Não é apenas a fúria homicida de Sangre que 
fazem o Demônio Maia ser tão temido 
por cada marujo vivente, 
não só isso não seria o suficiente.
Sangre tem uma tripulação eficiente 
e terrível! Os mais perigosos corta-gargantas 
que já fizeram almirantes ingleses 
borrarem seus nobres uniformes reais e 
deixaram de joelhos os mais valentes 
e duros marinheiros da Rainha! 
Antes de embarcar cada marujo bretão 
faz sempre a mesma prece:
— Senhor, misericordioso, rogamos-vos 
que nos proteja da tempestade, 
nos desvie da calmaria, 
traga-nos sempre um bom vento de popa e 
afastai de nossa rota o Demônio Maia
Salvai-nos de Sangre, ó Senhor, Amém!

Alguns de seus marujos mais antigos:
Imediato (o anterior morreu com 
o coração arrancado, dizem…): Ramirez 
Cozinheiro: Rato-Morto
Médico de bordo: Pau-de-Rum
Enforcado
"Ass-Whale"
Aranha-do-Mar
Isca de Tubarão
Canibal (seu passado o condena…)
Os irmãos Violador & Estripador
Chuk-Chuk MacGregor
Cabeça-de-Bagre
Torto
Forasteiro
Onça
Lagosta (um gancho em cada coto de braço)
Colar (ganhou este nome por ostentar 
um colar de orelhas dos inimigos mortos)
Casca-Grossa
Louco-das-Argolas (nem pergunte...)
Javali
Gladiador
Olavídez, o jogador
Podre
Voodoo
O Bruxo (na verdade um astrólogo)

— Ramirez! – berra Sangre.
— Dizei meu Capitão! ­ - apressa-se o imediato 
Ramirez Saragoça del Compostella.

Imagens piratas... - 056




  


PIRATAS!!! - Cap. 56

Após um breve interlúdio (de 14 capítulos), 
no qual conhecemos melhor a aventuresca 
vida do pirata Sarresian e o tenebroso 
capitão Crow, voltamos nossos olhos 
e atenções ao desafortunado e 
alegre bando de piratas sanguinários 
que acompanham o Capitão Sangre 
em sua missão de trazer um gigantesco 
tesouro das colônias espanholas 
de além-mar até o porto de Cádiz...

Os eventos aqui narrados ocorrem antes, 
durante e após o encontro de Narval e Morgan.

CONTINUAÇÃO DO CAPÍTULO 41.

Enquanto isso do outro lado do Atlântico...
Sabedor das zonas de calmaria e conhecedor 
como poucos das correntes marinhas, 
Sangre traçou sua rota com astúcia e estratégia. 
Mesmo havendo partido a semanas do 
porto de Cádiz, já se encontrava a poucos 
dias de La Villa Rica de la Vera Cruz
onde embarcaria sua preciosa carga. 
Mal podia conter a ansiedade de colocar 
suas garras no tesouro do rei espanhol, 
já traçara um plano ardiloso em sua 
mente pérfida que faria daquela a 
missão mais lucrativa de sua vida!
— Chuk-Chuk, venha cá seu escocês 
bastardo filho de um cão!
No instante seguinte Douglas 
"Chuk-Chuk" MacGregor, 
um grandalhão ruivo, de barba espessa 
e músculos bronzeados 
bota a cabeça para fora do porão:
— Chamou meu, meu capitão?
— Não, imbecil, chamava tua mãe 
pra ver se faço nela algo melhor do 
que a merda que teu pai fez!!! 
É claro, que o chamei! Idiota! 
Traga-me rum, mas não esse 
Grog medonho que vocês ostras 
tomam escondidos pelos cantos! 
Quero AQUELE rum, que tu sabes 
muito bem onde guardo...
— Agora mesmo, capitão.  
E o escocês gira sobre os calcanhares 
tão rápido que some de vista!
— Bando de incompetentes! 
Onde fui recrutar essas iscas de tubarão?
Apesar de estar com o itinerário adiantado, 
algo incomodava o velho pirata: 
nuvens negras no horizonte, 
espessas como óleo de baleia e 
escuras como as intenções do próprio Sangre!
— Uma maldita tempestade, era só o que me faltava! 
– resmunga com seus botões.

Imagens piratas... - 055

















PIRATAS!!! - Cap. 55


O nefando relato de John Crow  ‘’O Corvo‘’

10ª parte (final)





Centésimo quadragésimo dia

Encontrei algo útil afinal nesta 
ilha de merda! Enxofre e salitre! 
Nem acredito que tenha encontrado 
meus ingredientes favoritos! 
Sim, pois com duas partes de enxofre, 
três partes de carvão vegetal e 
quinzes partes de salitre posso 
fazer minha própria pólvora negra!!!

Centésimo quadragésimo dia


Consegui fazer quase um barrote 

de pólvora negra de razoável 
qualidade. O Difícil foi medir 
as partes. Agora já tenho com 
o que carregar as garruchas, 
munição felizmente tenho de sobra!

Centésimo quadragésimo segundo dia


Estive observando o comportamento 

do corvo e notei que ele parece atrair 
os peixes maiores para fora da água 
dando vôos rasantes sobre a superfície. 
Acho que posso usar isso...

Qual é a aparência de John Crow?

Um homem forte com cerca de 1,80 m. 
Algumas cicatrizes bem horripilantes em 
sua face pétrea tornam o aspecto de John Crow 
de um verdadeiro enviado do Inferno. 
Na verdade, tal aparência costuma-lhe 
causar alguns prejuízos e dissabores: nenhuma 
prostituta o aceita como cliente a menos 
que ele pague regiamente a vadia ...
Nunca tira seu indefectível surrado 
sobretudo preto, por mais calor que faça!
Trazendo consigo sempre duas pistolas 
carregadas, uma adaga na bota direita, 
sob seu casaco, na altura do coração, 
seis punhais em um baldric adaptado. 
À volta do pescoço uma corrente 
com um pequeno corvo em ouro, 
lembrança de seu primeiro saque 
a um galeão espanhol.
E perenal empoleirado 
em seu ombro esquerdo, 
aquela ave agourenta 
de olhar sinistro...