Google+ maio 2015 | A Pirâmide de Kukúlkan

O último reduto onde os Asseclas do CONCLAVE encontram-se...

PIRATAS!!! - Cap. 350

Calmamente Sangre 
deu um passo na direção dela 
e os negros recuaram outro 
(tornava-se evidente o pânico 
que paulatinamente os dominava). 
Sangre ergueu o punho direito 
fechado no ar e bradou:
― Poderes do Abismo, 
mostrem a esta mulher o seu lugar!
Forças sobrenaturais nubíferas 
toldaram o céu 
de nuvens avermelhadas, 
a própria lua tingiu-se púrpura 
como um rubi a sangrar no espaço; 
soturnos vultos nubígenos 
pairavam no ar, 
seres que pareciam dotados 
de asas de morcego, chifres 
e pés de bode!
Iniciou-se uma chuvinha fina e gélida 
que aos poucos se intensificou; 
uma garoa incômoda 
que parecia cortar a carne 
a cada gota que tocava a pele.
Ramirez estende a mão e apara 
um pouco da precipitação 
e é quando percebe que aquela 
substância líquida que 
quase corroeu seus dedos 
não era água.
Sacudindo a mão, apavorado 
balbucia com os olhos esbugalhados:
― Está chovendo sangue! 
Sangue de demônios!!!
Raízes que antes 
cornejavam com fúria, 
agora se contorciam como 
se algo as despedaçasse por dentro 
e definharam até apodrecer! 
As carnes pútridas 
dos cadáveres ambulantes 
diluíram-se como neve ao sol, 
restando apenas ossos 
esbranquiçados e quebradiços. 
Um fedor acre e ácido 
espalhou-se em derredor, 
nativos agachavam-se e punham 
os escudos sobre seus corpos 
no afã de bloquearem 
aquela torrente demoníaca.
Infelizmente nem todos tinham escudos...
A estes uma horripilante morte 
prenhe de dor excruciante 
era inevitável.
Sangre por sua vez parecia refrescar-se 
com precipitação profana: 
ao dar mais um passo 
deixou atrás de si uma pegada 
que mais se assemelhava 
a uma poça de sangue borbulhante!


Irado, capitão Sangre invoca
seus terríveis poderes kukulkânicos...


...toldando o límpido céu noturno com nuvens rubras...


...tingindo a própria Lua de purpúreo sanguíneo...


...cobrindo os céus com demônios alados...


...e por fim, fazendo chover sangue demoníaco!!!


Um líquido ácido e profano que implacavelmente
corrói a carne dos daqueles que toca...


...a ponto de reduzir os zumbis
da feiticeira vodu
a rúptis e pálidos esqueletos!


E a cada passo o pirata deixada atrás de si
uma pegada de sangue!

PIRATAS!!! - Cap. 349

E então ela se pronuncia:
― Sangre. Tua presença aqui
só trouxe desgraça a meu povo.
Por tua causa, meu homem e senhor,
nosso rei, Uruk-Uk-Ubakay se foi.
Exijo que partas de nossa ilha
e nunca mais retorne ou então...
A frase dela é complementada
por dezenas de sorrisos ferozes
que mostram os dentes afiados,
refletindo à luz da Lua.
Os espanhóis encolhidos
em suas moitas engolem em seco
e bem mais de uma planta
foi regada aquela noite...
Entretanto, Sangre
não demonstrava a menor
ansiedade ou preocupação,
muito pelo contrário,
a impressão que se tinha era
que ele estava na toldilla
de seu navio apreciando o mar.
Até que explodiu em
uma sonora gargalhada.
― Huá, huá, huá!!! Pelos deuses,
como as mulheres
são sem noção!
Parece que vos
esqueceis tudo
que passaram
até que vos libertei
do cativeiro em que
se encontravam nas mãos
dos cães ingleses...
Mas se fiz o que fiz,
não o foi esperando gratidão.
Faço o que quero,
tomo o que desejo
e mato quem se opuser a mim,
pois eu sou Sangre
e minha vontade não será negada!
De vós só espero respeito.
E medo.
Ao pronunciar
esta última palavra
uma luminescência verde
o envolveu,
o mato rasteiro a sua volta
secou, murchou e
dissolveu-se em pó.
Um aroma sulfuroso preencheu
o ar noturno e a temperatura
caiu bruscamente.
Chamas surgidas do nada
dançavam em torno dele
e espectros emergiram do solo
rastejando como vermes.
De onde estavam os “espiões”
não podiam ver,
mas os olhos de Sangre
faiscavam como se houvessem
forjas por trás de suas órbitas.
A negra não baixou a guarda,
fez o oposto:
bateu o cajado no solo
e cadáveres se ergueram
de dentro do chão,
trazendo consigo
o cheiro pútrido
de carne putrefata!
Raízes brotaram da terra
e moviam-se como víboras
na direção do capitão.


A maldita feiticeira vodu desafia Sangre...


...e sob a luz da Lua um confronto arcano se inicia...


...escudado pelos poderes kukulkânicos...


...Sangre não apenas aceita o desafio
como deixa claro que irá
enterrar sua oponente!


O pirata invoca espectros do além...


...que servem fielmente a sua vontade:
incutir horror nos corações de seus inimigos!


A feiticeira não deixa por menos:
fazendo uso dos poderes de seu cajado-safira...


...ergue os mortos de seu sono eterno...  


...transformando a lúgubre paisagem em derredor...


 ...em um aviltante palco de horrores...


...e arremata incutindo vida e ódio
nas raízes sob o solo,
instigando-as contra seu algoz!

PIRATAS!!! - Cap. 348

As vozes cessam.
Nesse momento notam algo
que não perceberam antes:
o silêncio.
Nenhum ruído da natureza,
mesmo o marulho do mar
parecia tão distante
que mal se podia ouvi-lo.
Era um silêncio sobrenatural.
O grupo se entreolha.
Eles já passaram
por situações assim antes
e sabem como terminam...
Andam mais algumas jardas,
por fim uma clareira
descortina-se adiante deles.
Todavia, por precaução
não avançam na direção dela,
optam por uma aproximação
cautelosa e discreta.
Abaixados,
encobertos pelos arbustos,
acercam-se da área aberta,
afastados uns dos outros.
Enfim, conseguem
posicionarem-se de modo
a ter uma visão ampla do local,
sem ficarem expostos.
Altiva e prateada
a Lua a tudo banha
com sua luz espectral.
No centro da clareira está Sangre.
De pé.
Só.
Cinqüenta jardas a frente dele
uma bela mulher negra,
o corpo seminu
parcialmente encoberto
por pedaços esvoaçantes de couro.
A sua cintura,
pendentes de baraços
dois ou três crânios
oscilam suavemente
ao sabor da tépida brisa noturna.
Ela segura um cajado
em cuja ponta resplandece
uma jóia azulada
da qual emana
um brilho sobrenatural.
Apesar de a cena em si
capturar os corações
e mentes dos piratas
é o que vêm atrás dela
que os enche de terror:
dezenas de canibais,
pintados e paramentados
para a guerra.
Aparentemente apenas
aguardando um sinal
de sua líder.
― Eu sabia que deveria
ter matado essa desgraçada
quando tive oportunidade!
– murmura MacGregor
enraivecido.
Um dos nativos
se afasta do grupo,
caminha vagarosamente até ela
e murmura algo que eles
não têm como ouvir ou entender.
Em resposta ela apenas ergue
a mão esquerda espalmada para cima.
O negro retorna ao grupo.


Dentro da floresta, o silêncio era assombroso
(ou seria assombrado?)....


...no céu uma Lua de sangue...


...e na terra, diante de Sangre a feiticeira vodu da tribo o canibal...


...portando um cajado arcano de grande poder...


...e a sua retaguarda todos os guerreiros da tribo
que escaparam vivos do combate
(e não foram poucos!)...

PIRATAS!!! - Cap. 347

Sem pensar duas vezes 
ele trata de se apressar 
em buscar os companheiros, 
rapidamente explica-lhes 
o que presenciou e sua intenção 
de seguir o capitão.
― Sei não, essa ideia me parece 
o caminho mais curto até um panelão 
fervente de óleo de peixe...
― Mas será o santo? Até tu, Cervantes? 
Tratem de deixar essa covardia besta 
de lado e venham logo, 
antes que a pista esfrie.
MacGregor o cegue murmurando:
― Prefiro esperar a pista 
esfriar que o óleo...
Em poucos minutos o trio também 
desaparece dentro do matagal.
Sem poder fazer uso de 
uma tocha ou lampião 
(pois tal os denunciaria), 
eles podem contar tão somente 
com o luar e as estrelas 
para iluminar a vereda que seguem. 
Melhor rastreador do grupo, 
Chuk-Chuk toma a dianteira 
na busca pelas pegadas de Sangre 
e logo as encontra.
― Ele está indo na direção 
da encosta da montanha...
Suando e ofegando, 
o Aranha-Do-Mar inquire:
― O que diabos ele vai fazer lá?
Ramirez especula:
― Talvez esteja atrás 
do tesouro de Morgan, 
os velhos piratas britânicos 
contaram que ela o guarda 
em uma caverna... 
Pode ser isso que ele 
esteja procurando...
Sem tirar os olhos a pista, 
o escocês retruca:
― Mas então por que não o vemos 
carregando um lampião 
ou coisa que o valha?
Cervantes concorda com o amigo 
e adenda, já se empolgando 
com a expectativa:
― É vero... E por que viria sozinho, 
sem ninguém para carregar o tesouro? 
Pelo que disseram trata-se 
do resgate de um rei!
Ramirez os repreende 
em baixa voz:
― Caleie-se todos vós! 
Querem que ele nos ouça?


Em alguma caverna naquela ilha maldita...


...jaz o tesouro da pirata Morgan...


...o que creem o piratas ser o motivo de Sangre
embrenhar-se na mata no meio da noite!



PIRATAS!!! - Cap. 346


― Ora, Ramirez! Sangre já é 
bem crescidinho e perfeitamente 
capaz de dar conta do que 
houver nesta ilha esquecida por Deus!
As palavras do amigo não o convencem...
― Concordo! Bem sei que isso é verdade, 
mas as circunstâncias me pareceram 
deveras estranhas.
Olavídez dá de ombros 
e sua curiosidade é atiçada:
― Bom, nisso tens razão... 
De fato não é o modo de ele agir... 
No que estás pensando?
Falando em tom mais baixo, 
como quem conspira, 
Ramirez responde:
― Ele disse que 
não queria escolta, 
mas não falou nada 
proibindo segui-lo...
Imediatamente intui 
onde aquela conversa 
vai levar e balança 
a cabeça negativamente:
― Sabes o que a curiosidade 
fez ao rato?
Intrigado, Ramirez 
ergue o supercílio:
― Não foi ao gato?
― Gato ou rato, não importa: 
o destino com certeza 
deve ter sido o mesmo!
― Por essa razão que 
não desejo ir sozinho...
― Não posso abandonar 
meu posto, Sangre me mataria!
Vendo que não o convenceria 
a embarcar naquela aventura noturna, 
Ramirez tenta outra jogada:
― Tudo bem, mas poderias 
me liberar Chuk-Chuk 
e Cervantes para irem comigo...
Olavídez reflete por um minuto 
e por fim cede.
― Está certo. Pode arrastar 
esses dois infelizes contigo! 
Mas vejam bem o que irão fazer, 
não deem mole pro azar: 
se o capitão perceber que 
o estão seguindo vai cozinhá-los...
― ...Em óleo de peixe! 
É eu sei disso, eu sei! 
Mas algo me diz que 
não devemos deixá-lo 
fazer seja lá o que for sozinho...
Aquelas palavras perturbam 
o ex-capitão d’El Bravio
Balançando a cabeça 
e gesticulando com a mão, 
como quem afasta algo da frente 
dos próprios pensamentos, exclama:
― Te arranques daqui antes 
que eu me arrependa!


Após tentar inutilmente convencer Olavídez 
em acompanhá-lo em sua "missão noturna"...


...Ramirez encara a densa noite...


...mata a dentro, tendo os fiéis amigos 
Cervantes e MacGregor a seu lado!