PIRATAS!!! - Cap. 343

Aquela noite, enquanto 

os espanhóis descarregavam o navio 

(e Pierre, temendo pelo pior, 

já começara a costurar as velas 

para fazer seu “saco de vapores”) 

Sangre a tudo e a todos 

vigiava como um falcão. 

Já era tarde quando 

o exausto timoneiro 

vem a Sangre fazer um pedido:

― Capitão.

― Fale timoneiro. – responde 

sem desviar o olhar 

do vai e vem do descarregamento.

― O que o Onça fez 

à vela principal foi criminoso. 

Não há como repara-la sem ajuda.

Sangre, impassível 

como uma estátua de pedra 

(e provavelmente com 

o mesmo grau de sentimentos) 

parece ignorar o apelo 

do jovem pirata.

Já estava desistindo de seu pleito 

e retornando a hercúlea empreitada 

quando seu superior o diz:

― Já que aquele infeliz 

foi responsável por tal infortúnio, 

faça com que ele mesmo 

repare seu erro.

Os olhos de Pierre, 

outrora baços pelo desespero, 

agora se iluminavam 

com a esperança renovada!

Rapidamente ele corre até Estevãn 

– que naquele momento forcejava 

para levantar um imenso barril – 

e diz-lhe em voz imperiosa:

― Largue isso, marujo! 

Doravante terás outra tarefa!

Aquelas palavras soaram 

como música aos ouvidos do já 

exausto patife, que responde arfando:

― Que a executarei com 

todo prazer, ó misericordioso!

― Venha comigo.

O Onça o acompanha, 

dando as costas àquele 

ingrato trabalho, 

na expectativa de um 

servicinho mais fácil... 

Ao chegar convés de ré (à popa) 

depara-se com o amontoado de velas, 

uma confusão de panos rasgados 

e velames esburacados 

(por balas de canhão e fogo).

Pierre entrega-lhe 

uma imensa agulha 

com um fio de couro 

e detalha sua nova “missão”:

― Sabes costurar, Onça?

Enquanto a nau era alijada...

...Sangre vigiava cada movimento,
até que Pierre veio a ele com um pedido...

...precisava de ajuda com as velas.
O capitão opta por ser generoso: entrega-lhe o Onça...

...para que ajude a reparar
(costurar e remendar)
a destruição que causara!