PIRATAS!!! - Cap. 32
Morgan assoma a porta da cabine e meio
sonolenta indaga o
que está havendo,
ao que o Capitão resume
afiado como um sabre:
— Muitos ratos a bordo. Alguns de
vestido, outros com
asas... Boa noite.
Morgan não entendeu e não gostou.
Aos primeiros raios de sol da manhã,
acercam-se da ilha e vem uma sinistra
figura toda de couro negro com um
pássaro em seu ombro em pé ao lado
das cinzas
fumegantes de uma fogueira.
Um bote vai até a praia.
— Saudações, homem. Vimos seu sinal
esta noite e nosso
capitão nos incumbiu
de vosso resgate.
— E quem é essa boa alma?
— Sir Fury Of SteppenWolf and Rose
&
Canterbury.
— Tudo isso? Mas como os bons marujos
a bordo o chamam?
— Capitão Narval.
— Oh, o velho Narval! Vejo que estou em
boas mãos.
— E qual a vossa graça, senhor?
— Johnny Wisblender, um fiel servo da
Rainha Elizabeth.
– fala inclinando-se e fazendo uma longa
reverência com seu
imenso chapéu negro.
— Bom Mr. Johnny Wisblender, hoje é o
seu dia de sorte.
Venha abordo. Há mais
algum sobrevivente além do senhor?
O semblante de John Crow torna-se
pesaroso, sua resposta
é seca e amarga:
— Não. Apenas eu. Todos os demais
pereceram. Que o Senhor
os tenha
em sua Infinita Misericórdia.
— Amém. – completam
os marujos.
E repondo o chapéu John Crow indaga.
— E qual a vossa graça?
— Sarresian Mèrton. Mas meus companheiros
de lida no mar
me chamam de Reneger.
– e
estende a mãos em um gesto de confiança,
ao que John Crow retribui-lhe.
— Não são os modos rudes de um marujo,
não estou certo,
Reneger? Vejo em vossas
maneiras e palavras a nobreza de teu sangue.
Sarresian deixa transparecer
algum desconforto
com as palavras proferidas pelo desconhecido
a sua frente e
rapidamente desconversa:
— Isso é passado, que fique no passado.
PIRATAS!!! - Cap. 31
— Já tentamos senhor, mas ela é
rápida demais para nossas
garruchas!
– fala
Alexander mostrando-lhe a arma.
— Dê-me isso, homem!
Narval carrega a arma, faz mira por alguns longos
segundos e atira. O tempo parece congelar;
a ave não emite qualquer ruído, mas
subitamente
pára no ar e inicia uma trajetória descendente
rumo ao convés. Ela
cai aos pés de Narval,
que mexe nela com o pé.
Imóvel.
— Está morta. E você aí em cima, marujo?
— Ainda vivo meu capitão.
— Bom; muito bom! Desçam aquele infeliz
e o entreguem ao
Açougueiro para que
cuide dele. Quanto a esta coisa – dizia enquanto
cutucava-a com o pé - quero-a ao Curry no almoço.
Como que entendendo o que ele dizia a ave
levantou-se
bateu asas e esvoaçou em torno
de Narval. Encarando-o bem nos olhos,
com suas
pupilas feitas de brasas ardentes.
Ela rumou em direção ao mar, os homens a
seguem até a amurada e é quando vêm
uma tênue chama bruxuleante no horizonte.
— Vejam aquilo! Será o demônio vindo
buscar nossas almas
malditas?
– indaga
apavorado um marinheiro.
— Não sua sardinha! Aquilo é uma fogueira!
Pode ser um
navio incendiado
ou algo que o valha.
Capitão, o senhor teria vossa luneta consigo?
- indaga Sarresian.
Ao que Narval apenas estende a mão e
Alexander
alcança-lhe o óculo de ver a distância.
Narval acerta o foco e vê com clareza.
— É uma ilha e por certo algum pobre naufrago
deve estar
fazendo sinais para ser resgatado.
Vamos até ele.
Narval recolhe a luneta, entrega-a a Alexander
e retorna
a sua cabine.
— Vamos lá seus macacos do mar, vamos pescar
mais um
infeliz para esta banheira! Andem logo
suas lesmas do mar, não temos a noite toda!
– berra o
imediato colocando toda
a tripulação em movimento.
PIRATAS!!! - Cap. 30
— Pobres infelizes... – murmura Alexander
balançando desoladamente a cabeça.
— Fora o fato de que os cavalos dispararam
apavorados e
quando dei por mim estava do
outro lado do porto!
Sarresian encerra o relato e sua pequena escultura
em madeira: uma sereia de seios fartos. Ele joga
para Alexander e diz:
— Guarde contigo. Com a prolongada falta
de mulheres a
bordo, logo, logo, poderá ser útil...
O imediato apara a pequena obra de arte e antes que
possa
retrucar Reneger dá-lhe as costas. Uma atividade
lúdica envolvendo dados entre
seus companheiros
de bordo chamou-lhe a atenção...
Alexander vira-se para o
Pagão e esbraveja:
— E você, vá cuidar desse fuça nojenta, homem,
antes que
o capitão o veja neste estado deplorável!
Cerca de umas duas noites depois, já altas da
madrugada, o homem da vigia começa a berrar:
— AAAAAAARRRRRRGHHHHH!!!!!! Socorro!!!
Alguém me
ajude!!!! Socorro!!! AAAAAHHHH!!!!
Desnecessário dizer que acordou o navio inteiro...
Tiros ecoam na noite, vozerio, corre-corre.
Alexander vai até a cabine do capitão.
— Senhor, é melhor vir logo!
— O que aconteceu, Alexander, parece que estão
cortando a
garganta de alguém!
— É melhor que veja com seus próprios olhos, senhor!
E assim dizendo, tomaram o rumo do convés.
E o que Narval assistiu encheu sua alma de espanto: uma
ave negra com olhos de fogo esvoaçando o cesto da gávea, dando rasantes em
pleno ataque!
— Quem está lá em cima?
— Jean Paul “Cozido”, meu capitão!
— Aquele que escapou dos canibais?
— Esse mesmo!
— Pobre homem! Alguém atire nessa coisa!
PIRATAS!!! - Cap. 29
— Os guardas tinham amigos esperando
do lado de fora e
quando eles foram ao
encontro dos
mesmos através das janelas
e não pela porta, resolveram adentrar o
estabelecimento de modo a tomarem
ciência do que ocorria no local.
— E não ficaram nada felizes, acredito.
— É verdade. Vi-me obrigado a esgrimir
com eles, fazendo uso do que tinha ao
alcance das mãos, de facas a
escarradeiras. Porém,
quando
percebi mais uma leva de fardadinhos
avançarem porta adentra percebi que
deveria empreender uma retirada
estratégica!
Subi as escadarias, entrei em meu
quarto,
bloqueei a porta derrubando um móvel,
apanhei meus parcos pertences e
pulei pela janela, dei a volta na estalagem
e já estava na rua quando vi a
razão
daqueles guardas todos estarem ali,
transportavam em uma carroça:
um canhão novinho em folha,
lustroso como um dobrão espanhol,
pedindo para ser utilizado.
Foi aí que tive uma ideia transloucada!
— E desde quando você teve de outro tipo?
- debocha o China!
Sarresian dardeja um olhar capaz
de matar ao timoneiro.
— Como eu dizia: acerquei-me sorrateiro
por trás da dupla que ainda montavam
guarda à carroça. Distraídos como estavam
acompanhando os ruidosos eventos na
estalagem não perceberiam um polvo
gigante se aproximar deles!
Derrubei-os, puxei a parelha de cavalos
em direção à porta;
subi à carroça,
carreguei o canhão, acendi-o e com
um assovio chamei a atenção dos
guardas que estavam na estalagem.
No que assomaram à porta e
viram o estopim queimando,
correram
como loucos para todos os lados,
pulando através das janelas
como
cabritos perseguidos por lobos!
Não era minha intenção explodi-los,
apenas causar-lhes um susto,
todavia,
quando tentei apagar o pavio,
este queimou mais rápido
do que eu
esperava...
PIRATAS!!! - Cap. 28
— Como dizia antes de ser tão rudemente
interrompido,
alimentava-me condignamente
antes de ir à busca de um novo trabalho
honesto e
digno...
— Sei... –
Alexander sorri.
— Quando o proprietário do estabelecimento
veio
inquirir-me acerca dos valores de
hospedagem e alimentação. Expliquei-lhe que
pretendia arrumar um trabalho e então pagá-lo
com o suor de minha fronte.
Por
algum motivo que desconheço;
talvez a baleia que era sua esposa
não tenha sido
receptiva as suas
investidas noturnas... o fato é que ele
carecia de
compreensão e pareceu não
aceitar muito bem minha explicação.
— Entendo, então, esse vil estalajadeiro,
não engoliu sua
historinha pra tubarão dormir...
– completa o Pagão enquanto tenta conter
o jorro de
sangue nasal.
— Mais ou menos isso... Para terem uma vaga
noção do
estado perturbado em que se encontrava
aquele homem, digo-lhes que ele saiu
bufando
porta a fora e (antes que eu sequer terminasse
minha lauta refeição) voltou
com dois guardas
portuários! Acusou-me de desonestidade, de fraude!
E solicitou
as autoridades minha imediata prisão!
Imagine só, desonestidade! Logo eu!
— Que absurdo...
– Alexander já quase as gargalhadas...
— Evidentemente que tentei dialogar e
explicar minha
situação, mas aparentemente
eles eram surdos, razão pela qual tive de fazer
uso
de argumentos mais contundentes.
— Que seriam?
— A mesa, duas cadeiras e quatro garrafadas
de vinho, o
que não me causou qualquer
constrangimento, haja vista a péssima
qualidade da
bebida local.
— Imagino. E o que se sucedeu após
tão convincente “argumentação”?
PIRATAS!!! - Cap. 27
— Conheço tua fama, Sarresian “Reneger” Mèrton
e é a principal razão pela qual estás a bordo
do “Lei de Elizabeth”. Quando Narval mandou
que recrutasse mais homens para esta missão,
ouvi comentários acerca de tuas habilidades e
métodos pouco usuais de combate...
e é a principal razão pela qual estás a bordo
do “Lei de Elizabeth”. Quando Narval mandou
que recrutasse mais homens para esta missão,
ouvi comentários acerca de tuas habilidades e
métodos pouco usuais de combate...
— Esse povo fala demais...
— E como não falar de alguém que explodiu
uma taverna com um tiro de canhão só
porque não quis pagar a conta?
uma taverna com um tiro de canhão só
porque não quis pagar a conta?
— Alto lá que a estória não é bem essa!
— Como não, Reneger? Eu estava lá, eu mesmo
vi tudo com este olho que o mar há de comer,
porque o outro é de vidro e...
– interrompe o marujo Pagão.
vi tudo com este olho que o mar há de comer,
porque o outro é de vidro e...
– interrompe o marujo Pagão.
— Cale-se, sua ostra de água doce!
Não sabes de nada!
Não sabes de nada!
— Então nos conte o que de fato
aconteceu, Sarresian! – intima-o Alexander.
aconteceu, Sarresian! – intima-o Alexander.
Sarresian apoia-se em um barril e enquanto
esculpe um pedaço de madeira com seu punhal,
olha de soslaio para o mar e então
para seus “ouvintes”.
esculpe um pedaço de madeira com seu punhal,
olha de soslaio para o mar e então
para seus “ouvintes”.
— Está certo, imediato. Abra bem essas orelhas
sebosas, então: dois dias antes de tu me apareceres
me propondo recrutamento a esta banheira velha,
estava eu desfrutando da hospitalidade
da estalagem Âmbar-Gris...
sebosas, então: dois dias antes de tu me apareceres
me propondo recrutamento a esta banheira velha,
estava eu desfrutando da hospitalidade
da estalagem Âmbar-Gris...
— Aquela pocilga? - inquire berrando China,
lá do leme que até aquele momento estivera
apenas ouvindo tudo de longe
com seu ouvido de tuberculoso.
lá do leme que até aquele momento estivera
apenas ouvindo tudo de longe
com seu ouvido de tuberculoso.
— Era o que o dinheiro honesto de
um fiel servo da Rainha podia pagar!
E não me interrompa, timoneiro! Como dizia,
era o momento da primeira refeição do dia...
um fiel servo da Rainha podia pagar!
E não me interrompa, timoneiro! Como dizia,
era o momento da primeira refeição do dia...
— Ao meio-dia? – provoca Pagão.
Sarresian nem responde, apenas corta
uma lasca da madeira que
voa direto no nariz do marujo!
uma lasca da madeira que
voa direto no nariz do marujo!
PIRATAS!!! - Cap. 26
Narval caminha
rumo ao tombadilho enquanto
Alexander olha meio desconfiado para a porta
da
cabine, aproxima-se vagarosamente e posta
o ouvido na porta. Por alguns
segundos apenas
o silêncio marinho, então um barulho de impacto
quase o
ensurdece e antes que possa se afastar,
o acúleo de uma lâmina emerge através
da madeira
da porta, cortando-lhe a ponta do nariz!
Alexander dá um
pulo para trás levando as mãos ao
rosto que verte sangue como um odre de vinho
rasgado.
Outro marujo
aproxima-se dele e entrega-lhe uma estopa.
—O que aconteceu,
Misericordioso?
— Narval me botou
pra proteger Morgan!
- relata
enquanto tenta estancar o sangue.
— É? E quem ele
designou para ti proteger dela?
— Hãããã... – balbucia o
imediato enquanto
tenta pensar uma resposta.
A
brisa marinha traz aos homens a lembrança de dias
mais amenos nos portos,
quando o risco maior era de
tomarem bofetadas de uma prostituta...
Tempos
bons!
— Nunca esquecerei aquela pele macia, aquelas
coxas roliças, aqueles lábios carnudos de...
— do China?
– atalha o imediato, interrompendo os
devaneios
lúbricos de Sarresian.
— do China... Que China o quê? Tá me
estranhando Alexander?
- responde bufando o grandalhão com
mais de
dois metros de altura e pesando uns 100 kg!
Alexander nunca teve muito
amor à vida mesmo...
— Eeeee, calma aí, que azedume, parece até
que comeu alcatrão pensando que era feijão!
— É esse marasmo, bem sabes que só o
fragor da batalha me mantém bem humorado.
PIRATAS!!! - Cap. 25
Ele
arranca o punhal, ergue-se,
acondiciona a arma branca no cinto,
recua
lentamente, vira-se e pouco antes
de abrir a porta da cabine
diz olhando por
sobre o ombro:
— Bem-vinda a bordo do Lei de Elizabeth,
Lady Cathéryn GreenStell de York.
Espero
que as acomodações a bordo
estejam a vossa altura.
atrás de si.
pois às suas costas ecoa o estraçalhar
de seu precioso
Merlot de contra
a madeira da porta.
- amaldiçoa o capitão, mordendo o lábio
inferior de ódio...
— Alexander!!! Alexander!!!
– berra
a plenos pulmões o nome do
imediato, que surge esbaforido com
a espada em punho
e olhando para
os lados em busca de algum inimigo!
— O que houve meu capitão? Há
algum pirata que haja escapado e
o esteja ameaçando?
preste atenção!
Se algo acontecer a Mor..., digo,
Lady Cathéryn você será pessoalmente
responsabilizado e posto a ferros
até voltarmos a Inglaterra!
Fui claro?
assente com a cabeça.
bem? Responda homem!
claro como o horizonte!
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