PIRATAS!!! - Cap. 177
Morgan sentia
o coração apertar
ao contemplar
seu amado navio
ferido como
uma baleia arpoada.
Ela vê sua
Jolly Roger
em chamas no
convés,
apaga com o
fogo com os pés,
ergue o pano
entre os dedos
e murmura com
raiva:
― Malditos espanhóis,
pagarão
com a vida esta afronta!
Com um movimento célere
remove sua adaga do mastro
e com ela abre dois buracos
na bandeira negra.
Veste o tecido como uma máscara,
cobrindo-lhe totalmente a face
e os longos cabelos,
amarra as pontas atrás
e acerta os vãos dos olhos.
Ao vê-la trajando aquela
máscara sinistra Craca
sabe que coisa boa não vem por aí.
― Quais são as ordens,
Capitã Morgan?
― Deixe esse cão
espanhol para Narval.
Eu quero Sangre!
Entendeu? Sangre!!!
A toda velocidade,
timoneiro!
Vamos abalroar a popa
desse bastardo!!!
― Agora mesmo, capitã!
E guinando a barlavento a nau,
ganha distância d’El Bravio de Los Mares,
aproximando-se da ré do Demônio Maia.
Craca
tem grande dificuldade
em manter a rota:
a tormenta torna a navegação
cada vez mais impossível,
mas ele não pode decepcionar
sua capitã!
Raios atingem o convés,
fulminando azarados marujos
que partem dessa pra uma melhor
sem sequer saber como morreram!
― Preparem os canhões,
quando aquele cão do mar
estiver ao nosso
alcance,
não sejam avaros na
munição!!!
Oscilante mas decidido
o Tridente de Poseidon
aproxima-se minaz do Demônio Maia.
Capitaneado por um coração
pleno de ódio e ansioso por vingança!
Nesse meio tempo,
a bordo do Lei de Elisabeth,
Narval, que já percebera
o Golden Hind, deve decidir:
continuar a perseguição ao El Bravio
ou tentar contornar o Demônio Maia,
partindo em socorro de Drake?
Qualquer
opção o exporia ao fogo inimigo.PIRATAS!!! - Cap. 176
Virando-se com os olhos
vermelhos de ódio
e a espada sequiosa de sangue, brame:
―
Drake. Não. Seu sangue é MEU!!!!
― Então venha
tomá-lo, bastardo!
O mundo inteiro parece
entrar em slow
motion
quando os dois
maiores combatentes dos oceanos
enfrentam-se em uma luta renhida
de vida e morte.
A tormenta trata os navios
como pétalas de uma rosa esfacelada
ao sabor dos ventos primaveris,
porém nada disso parece afetá-los,
centelhas iluminam o convés
quando o aço das lâminas colide
como estrelas nos espaço.
A astúcia de Sangre
(que desconhece o conceito
de “lutar limpo”) o deixaria
em vantagem não fosse
a longa experiência de combate
do corsário inglês.
Arremetendo contra Drake
ele o prensa de contra o mastro,
vociferando:
― É isso?
Somente o que tens a me oferecer?
É muito pouco
para quem fez
tanto para obter
minha atenção, inglês!
Com a mão esquerda
traiçoeiramente saca da cintura
um punhal negro,
ato que não passa
despercebido por Drake.
Reflexo rápido ergue
com força o joelho direito
e derruba a pequena lâmina
da mão de seu oponente.
Aproveitando a surpresa,
aplica-lhe um cruzado de esquerda,
afastando Sangre de si.
O espanhol ajeita a mandíbula
com a mão sinistra
e cuspindo sangue rosna:
― Ora vejam só,
o cão inglês sabe morder.
No que mais a
vaca real o adestrou, Drake?
Como em resposta,
Drake arranca um sabre encalacrado
em um barril a sua esquerda
e empunha-o com a canhota.
Fazendo ambas as espadas
girarem perpendiculares
a seu corpo,
responde-lhe com empáfia:
― Por que não
vem descobrir, cão?
Sangre
sorri de soslaio
e
limpando o sangue da boca com o punho,
sequer
responde:
saca
sua pistola e
mira o coração de
Drake!PIRATAS!!! - Cap. 175
John Crow observa a ave
com curiosidade
e indaga a mesma:
―
Achastes a vadia de Narval?
A resposta é o característico
grasnido agudo acompanhado
de um movimento perpendicular
da cabeça do animal.
Entrementes, Salazar
não perdia tempo.
Posicionando seu navio
a estibordo de Demônio Maia,
astuciosamente guarneceriam a
popa
de Sangre ao mesmo tempo
em que os canhões de ré
do velho corsário manteriam
Narval e Morgan afastados.
Seu sagaz estratagema
granjeou-lhe o tempo
necessário
para tomar fôlego e
idear uma saída àquela
situação desesperadora.
O monstruoso temporal
enfim abate-se em sua
plenitude
sobre os combatentes:
chuvas torrenciais,
ventos ferozes
e o mar enfurecido
pareciam dispostos
a engolir a todos!!!
Todavia, nada disso poderia
conter a ira de Drake!
Emparelhando sua nau
a bombordo do galeão de Sangre,
tem início a abordagem.
Os piratas ingleses
tomam à dianteira e,
surpreendendo o
velho corsário de Satanás,
abordam o Demônio Maia,
mas os espanhóis se recuperam
e avançam como um
enxame de vespas
sobre o navio inglês.
Indo de uma nau a outra
encarapitados em cordas,
brandindo sabres,
cortando a carne
e urrando como
animais enlouquecidos
a carnificina teve início!
Sem piedade, remorsos ou
reféns!
Sangre era extremamente
motivador em seus arroubos:
― Sumam com eles dos mares!
Querem nosso tesouro!
Matem todos!
Cada um desses miseráveis cães
ingleses!!!
―
Isso vale para mim, Sangre?
A frase, irônica como só um inglês
conseguiria urdir,
interroga-o às suas costas.
Os pelos da nuca de Sangre
se ouriçam. Ele reconheceria
aquela voz até mesmo
no Último Círculo do Inferno.PIRATAS!!! - Cap. 174
O urro do pirata era
como o estertor de um condenado.
O próprio John Crow não acreditava
no que seu único olho estava vendo.
Apenas praguejava.
― Malditos ratos
espanhóis,
não poupam nem sua
própria laia!
Vendo o desalento exacerbado
de seu irmão-de-armas,
murmura ao pássaro
empoleirado em seu ombro.
― Encontre-a.
A ave salta e alça voo,
desajeitadamente a princípio
(nenhuma criatura alada
aprecia voar em tempestades...),
mas em seguida apruma-se
e navega as correntes de conflituosas
como se houvesse feito
aquilo à vida toda,
seus olhos negros perscrutam o navio
que naufragava ardendo
como uma fornalha dos infernos!
Pobres almas desamparadas,
para eles não haveria
qualquer tipo de salvação!
Os que escapassem das flamas,
do afogamento
e dos tiburones;
ainda teriam de encarar o furacão!
E os que sobrevivessem
a tudo isso talvez
(apenas TALVEZ)
conseguissem chegar
às praias da ilha,
onde um destino muito pior
os aguardava...
O corvo vê de relance
um corpo feminino.
Desce para melhor observar
e já esvoaçava entre os
últimos mastros que restaram
quando por muito pouco
não é atropelado em pleno ar!
― Saia do caminho, ave
estúpida!!!
Era Morgan!
Sutil como sempre,
balançando ao vento
em um cabo do Dominacion!
Ao ver tudo ir pelos ares
a endiabrada capitã
decepou o cabo que sustentava
a vela maior do navio
e tomando impulso
suspendeu-se às alturas
e pouco antes do galeão espanhol
soçobrar ela agarrou-se às
escadas
de Jacob de sua nau.
O corvo retorna a seu dono (?!)
e pousa suavemente
em seu ombro esquerdo.PIRATAS!!! - Cap. 173
―
Marujos, mirem o paiol do Dominacion!
Toda
a carga, fogo!!!!
Os marinheiros ficaram estupefatos
com aquela ordem,
muitos conheciam
os marujos da nau aliada,
dividiram o rum
e as putas nas tabernas com eles!
Isso era uma aleivosia inaceitável!
Tanto que um
dos artilheiros rebelou-se:
―
Não! Não faremos isso, senhor.
São
nossos companheiros de farda,
lutamos
ao lado deles,
não
pode nos pedir que os...
O marujo não completa a frase.
Do alto do castillo,
Salazar
saca sua pistola e dispara um tiro
certeiro na boca do insurgente,
que cai fulminado.
Com a mão direita,
suavemente depõe a pistola
ainda fumegante sobre um barril,
enquanto a esquerda
saca outra pistola carregada.
―
Eu não peço. Mando. Mais alguém
aqui
vai questionar minhas ordens?
Segundos depois uma saraivada
de canhonaços atinge o atraiçoado
Dominacion que sem
tempo de reação,
preso entre três fogos,
explode em chamas,
mal dando tempo a seus tripulantes
de procurarem os escaleres
ou sequer jogarem-se ao mar!
A explosão é violenta a ponto
de atingir o Tridente de Poseidon
(por estar mais perto)
e o Lei de Elizabeth que
se aproximava velozmente
naquele preciso instante!
Não tendo como desviarem-se
tomam o dano por proximidade,
aumentando ainda mais as chamas
a bordo da embarcação de Narval.
Ao navio de Morgan são
afligidos graves danos ao casco
e muitas mortes.
Surpreendido e abismado
com a atitude do adversário,
Narval emudece de espanto.
Já Sarresian corre até a
amurada
e no fogo refletido
em sua íris ardia um desespero
ainda maior:
―
MORGAAAANNNN!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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