PIRATAS!!! - Cap. 171

John Crow o segue um pouco atrás,

porém antes que possa abrir a boca,

Reneger já expõe sua ideia:

― Vamos derrubar a triquete!

― Em que isso nos ajudará homem?

―O paiol nos galeões espanhóis

fica a estibordo, mais próximo

do castillo de proa.

Usaremos o triquete como um aríete,

golpeando o costado da nau inimiga,

a manteremos longe

de nossas chamas,

mas ao nosso alcance.

Ficará a nossa mercê e

poderemos abordá-la

sem muito esforço.

A voz de Mèrton quase some

tamanha ansiedade lhe domina.

Narval ouve atentamente,

reflete alguns instantes e anui:

― Pode dar certo, é meio louco,

mas pode dar certo... Proceda, marujo

e que o bom Deus nos ajude!

O velho pirata maldito dá uma

escarrada preta no convés e resmunga:

― Quem diria? E não é que o garoto

teve uma boa ideia afinal?

Sarresian, com a ajuda de

outros dois marujos, vira o canhão

na direção da base da vela de triquete

e com cuidado dispara.

Estrondo, fumaça,

cheiro de pólvora queimada

empesteando o ar e milhares

de lascas de madeira anunciam

a queda do terceiro maior

velame a bordo.

Caindo diagonalmente

a bombordo da vante,

várias jardas para fora,

quase como uma lança.

― Como o manterá firme

quando nos chocarmos com eles?

Questiona John Crow.

― O prenderemos ao capstan.

― Ao capstan?! E o velho louco sou eu?

Tem ideia do que semelhante impacto

pode fazer com o navio inteiro?

Vai nos partir ao meio

como a um graveto!

E assim dizendo quebra o cachimbo

entre os dedos da mão esquerda.

Sarresian fita o velho com o

cachimbo partido na mão,

as palavras ecoam fundo

em sua mente pois sabe

quão certo ele está.

Baixa a cabeça tentando

se concentrar em sua tarefa.

― É bom essa mulher valer

tanto sacrifício, marujo!

E assim dizendo jogou os restos

de seu pito no convés

e afastou-se mancando.

― Ela vale. Ah, e como vale...

Murmura Reneger.