― E para que ninguém 
ouse dizer que Sangre 
não e justo, já que ajudastes 
a reparar as velas que 
tu mesmo destruíste, 
devolver-te-ei a liberdade 
se sobreviver...
Sem conseguir tirar os olhos da fera, 
Onça tenta desesperadamente 
se recompor, pois sabe que 
a habilidade com as palavras 
já lhe salvou a pele 
mais de uma vez. fa
Argumentar era tudo 
que lhe restava:
― Capitão, quem sabe 
o senhor não estaria disposto 
a reconsiderar a prancha? 
Ou a história dos dedões? 
Por que precisam ser tripas britânicas, 
afinal que importa a que rei 
elas se curvavam em vida?
Sangre apenas faz 
o sinal de negativo 
com o dedo indicador 
enquanto emite 
o som alegórico:
― Tsc, tsc, tsc....
Um marujo mais debochado 
grita dentre a “plateia”: 
― Fala aí Onça, quais são 
suas últimas palavras?
Sangre saca a pistola 
e com um tiro certeiro 
destroça o cadeado da jaula 
libertando o animal.
― Sooocooorrooooooo!!!!!!!!
Berra em desespero o infeliz pirata, 
tratando de ficar o mais 
fora do alcance possível do primata. 
Os demais bucaneiros 
mantém uma distância segura, 
subindo escadas-de-Jacob, 
encarapitando-se 
nos mastros e vergas ou 
refugiando-se dentro de barris! 
Porém, sem despregar 
o olho do evento! Onça sabe 
que esta pode ser sua 
única oportunidade 
de voltar às boas com o capitão, 
fugir não irá livrá-lo de sua ira. 
Mas no momento ele tinha 
problemas maiores, 
muito maiores... 
A besta avança aos trancos 
na direção dele, 
as grandes presas amareladas 
gotejam uma baba malcheirosa 
e sua respiração é tão possante 
que mesmo a mais de 
cinco jardas de dele 
Estevãn sente aquele 
bafo quente e resfolegante. 
― Se a esta distância 
já fede desse jeito... 
– pensa Estevãn 
de olhos arregalados. 
Busca em volta algo 
que possa usar para se defender, 
mas de mãos atadas 
nada parecia favorecê-lo. 
É quando repara na 
lasca de metal que 
o tiro dado por sangre 
desprendera da porta da jaula. 
Encalacrada na 
amurada de estibordo 
a farpa mal chegava 
ao tamanho de um dedo, 
mas parecia afiada... 
Espertamente Onça 
anda lateralmente, 
bem devagar de modo 
a não atiçar a criatura 
que ainda o olhava 
com certa curiosidade. 
Acercando-se do balaústre 
esfrega as cordas no metal 
e com rápidos movimentos 
consegue cortá-las 
no fio da lasca metálica. 
Mãos livres; 
remove a farpa da madeira 
e a empunha como 
a um pequeno punhal.  
Em derredor 
os demais flibusteiros 
riem às gargalhadas da cena: 
aquele homenzinho franzino 
querendo ameaçar 
um gigante das selvas 
com pouco mais que 
uma faca de cozinha!
Estevãn suava feito um porco 
a caminho do matadouro! 
O símio aparentava impaciência 
e aproximou-se 
de modo oscilante. 
Seus grunhidos 
gelavam o sangue 
do encurralado patife! 
Mas se a vida no mar 
ensinou algo àquele pirata 
foi que nada no convés 
deve ficar solto. 
Em especial a munição. 
Vendo que a sua direita 
havia uma pilha de balas de canhão, 
sequer pensa uma segunda vez: 
um gesto breve e preciso 
secciona a rede que 
as mantinha unidas. 
Em instantes o balanço do mar 
as espalha caoticamente 
em todas as direções. 
O gorila sobressalta-se 
com aquele movimento inesperado 
e demonstrando uma agilidade 
inconcebível para uma 
criatura daquele tamanho 
agarra-se a verga acima dele 
e fica lá pendurada por 
seu longo braço! 
O corsário não deixa 
passar a olada: 
perscruta a amura 
e vê a bigota que lhe interessa. 
Não havia tempo para 
desamarrar o cabo, 
então se põe a cortá-lo 
com a lâmina improvisada. 
Sua bem-aventurada sorte 
o favorece mais uma vez e 
consegue decepar a corda. 
Imediatamente a vela arria 
com violência por sobre o primata 
pegando-o de surpresa.|  | 
| Com um tiro de pistola, Sangre.... | 
|  | 
| ...liberta de sua jaula... | 
|  | 
| ...o imenso gorila! | 
|  | 
| Grande, furioso e faminto, por sinal! | 
|  | 
| Mas graças a uma farpa de metal gerada pelo disparo na jaula... | 
|  | 
| ...Onça consegue livrar-se das cordas que o prendiam... | 
|  | 
| ...e agora (mais do que nunca) Estevãn lutará por sua vida... | 
|  | 
| ...executando um plano doido que surgiu em sua cabeça... | 
|  | 
| ...um plano que inclui balas de canhão,... | 
|  | 
| ...bigotas... | 
| ...e uma das velas! | 




 Sidinei Lander da Silva Pereira: Mestre de RPG, aprendiz de escritor, leitor voraz, quadrinista fanático, cinéfilo compulsivo, agnóstico independente, livre-pensador, fã incondicional de O Senhor dos Anéis (livro e filme), música para mim é Clássica, Jazz, Blues, Rock'n Roll e Metal!
E tenho dois gatos... Quer saber mais sobre mim? Veja meu
Sidinei Lander da Silva Pereira: Mestre de RPG, aprendiz de escritor, leitor voraz, quadrinista fanático, cinéfilo compulsivo, agnóstico independente, livre-pensador, fã incondicional de O Senhor dos Anéis (livro e filme), música para mim é Clássica, Jazz, Blues, Rock'n Roll e Metal!
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