PIRATAS!!! - Cap. 386

― Deixe isso conosco, Ramirez.

A parte de vocês aqui está feita,

podem retornar aos escaleres

e começar a puxar.

O plenilúnio não tarda.

Sem muito o que opinar

o pirata olha para o céu noturno

e balançando a cabeça retorna

com seus companheiros aos botes.

Quando se veem sós no navio,

contramestre e timoneiro se olham,

respiram fundo

e lançam-se à crucial tarefa.

Começam a compor

em um grande barril

os pós em quantidades calculadas

e nas sequências corretas.

Misturam com calma

e pouco a pouco a massa

adquire um tom homogêneo

de cor indefinível.

O francês resume a situação,

mais querendo acalmar

a si mesmo que comunicar algo

que Plunkett já não soubesse.

― Agora os líquidos.

Quando a lua cheia

alcançar o zênite

a maré deverá afrouxar

as garras do recife sob nós.

Nesse momento,

enquanto nossos companheiros

arrastam a nau com a força

de seus braços,

acenderemos nossa mistura.

O contramestre o olha

com condescendência,

afinal seu pescoço

também estava em jogo.

Aquilo TINHA que dar certo!

Enfim o grande momento chegara.

Selene atinge o ápice

e toda sua força influencia

os mares elevando-os

com um misterioso poder

que os homens a muito conheciam,

mas jamais souberam explicar!

Nos escaleres os marujos

sentiram o navio soltar-se e

deram o máximo de si

em ferozes remadas

e apesar da fresca

aragem noturna,

suavam como

se estivessem sob 

o escaldante sol

no deserto da 

Costa dos Esqueletos!

Porém, ainda assim

o navio permanecia imóvel,

fazia-se mister uma

atitude definitiva

(e desesperada).

A lua cheia aproxima-se célere
de seu plenilúnio...

...e a dupla não perde tempo:
fazendo de um enorme barril o "caldeirão"
em que porão sua miraculosa mistura!

É chegada a hora: Selene na posição, a maré eleva-se...

...e os esforçados marujos
nos escaleres atrelados a popa de El Bravio,
suam sangue em seus remos!