A troça diverte o grupo
por um longo tempo
até que MacGregor muda
o tom da conversa.
―
Mas falando sério,
coitado
do Lagosta!
Porém Ramirez não contém
sua veia mordaz.
―
Coitado do tubaronne, isso sim!
Duvido
que consiga digerir
os
dois ganchos daquele infeliz!
As risadas ecoam pela praia.
―
Sabem o que tornaria
este
momento perfeito?
– o Onça lança ao ar a dúvida.
―
Rum! – é a resposta em uníssono.
― Exatamente!
É quando achega-se
um dos piratas sobreviventes
com um garrafão do melhor
aguardente daquele
lado das Caraíbas!
―
Vamos comemorar mandriões!
Sangre
liberou o rum!!!
Sem perder um segundo
o Onça toma-lhe a botija
e entorna um longo
e sedento gole!
―
Até que navegar sob
o
comando do velho maldito
não
é tão ruim assim...
– comenta Cervantes ao receber
o garrafão do amigo corsário.
―
Fale por ti mesmo,
cabeça-de-bagre!
Não
vejo a hora de
abandonar
o barco,
deixar
para trás estes horrores
e
voltar a ver minhas
saudosas
Highlands!
– exclama o escocês.
Ramirez ansioso por
um pouco de tranquilidade
trata de serenar
o companheiro.
―
Esqueça isso por agora,
Chuk-Chuk!
Estamos vivos
e
temos rum! Vamos comemorar!!!
– e com movimento rápido
tira a botija das mãos de Cervantes
e a alcança ao exaltado pirata.
Dirigindo um olhar amargo ao amigo,
Douglas MacGregor
responde secamente.
―
Pena que o Lagosta não está aqui
para
dizer o mesmo.
– e afasta-se a passos largos.
Cervantes ainda tenta detê-lo:
―
Chuk-Chuk!
Mas o ex-imediato o detém.
―
Deixe-o. Ele ficará bem.
O Aranha-Do-Mar não compreende
a reação do irmão-de-armas.
―
Por que ele está assim?
Após mais um gole de rum
Ramirez o esclarece.
―
Não sabia? O Lagosta e ele
eram
os únicos escoceses a bordo.
―
Droga! Não é pra menos
que
ficou desse jeito...
O ex-imediato devolve a botija
ao Onça que a abraça
como a um filho.
Em tom lamentoso Ramirez
explana ao companheiro.
―
Não é o primeiro
nem
será o último companheiro
que
perdemos a bordo, amigo.
E
MacGregor já teve mais que
sua
cota de óbitos nesta nau...
O dia inicia-se com
um esplendoroso alvorecer
e uma ressaca daquelas!
Teve pirata que preferia
ser devorado pelos peixes
a acordar daquele jeito!
Sossegadamente
El Bravio de Los Mares
navegou até Porto dos Cadáveres.
Atracado no pequeno cais
é reabastecido ao longo do dia.
Nessa situação o trabalho
deu-se mais rápido,
mas ainda havia um último reparo
a finalizar antes de partirem:
as velas.
Costuradas qual sacos-de-vento
elas não eram de grande valia
como velame.
Urgia voltá-las às formas originais.
Evidentemente que o afã do capitão
(na verdade de todos
em abandonar aquela ilha funesta)
não iria esperar que
apenas dois marinheiros
desfizessem tudo o que levaram
um dia inteiro costurando
e remendando.
Coloca cada marujo disponível
na tarefa, incluindo o quarteto!
Inútil tentar medir o grau
de indignação de Estevãn
em retornar àquela ingrata tarefa.
―
Minhas mãos ainda
nem
se recuperaram
e
já tenho de coser esses
malditos
trapos?
Me
alistei como pirata
e
não como costureira!
Mostrando-se sem paciência,
Chuk-Chuk sugere de modo
curto e grosso.
―
Por que não reclama
com
o capitão?
Bufando, o Onça nem responde.
Pega uma agulha e senta-se diante
daquilo que um dia foi a vela principal.
E agora deveria retornar a sê-la.
Aos “costureiros” o dia arrasta-se
e lá pelo fim da tarde
concluem a empreitada.![]() |
Famélicos tubaronnes devoraram o amigo de Chuk-Chuk... |
...o Lagosta. Ele ganhou tal alcunha por ter não um, mas dois ganchos! |
![]() |
Os piratas fartam-se de rum... |
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...e a conversa não melhora os ânimos de MacGregor. |
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Ramirez esclarece Cervantes a razão da amargura do escocês: |
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...Chuk-Chuk e Lagosta eram os únicos escoceses a bordo e a morte do amigo com certeza acentuou a saudade da terra natal... |
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MacGregor se afasta para pensar. |
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Pela manhã a nau adentra a Porto dos Cadáveres... |
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...com uma nova tarefa para os marujos: restaurar o velame... |
![]() |
...às suas formas originais! |
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