― O
tiro deve ser dado
rente
a lateral do pano,
bem
ali, onde está
mais
estufado. – fala
com propriedade o timoneiro,
porém o contramestre
não parece muito convencido
e o questiona:
― E
se errarmos?
―
Ore pedindo perdão
pelos
seus pecados!
Plunkett sente a boca secar,
as mãos umedecerem e
o estômago embrulhar.
Ele sabe que isso não costuma
ser um bom sinal...
Tenta não pensar no que
o Destino lhes reserva mais adiante
e inquire ao companheiro de desgraça:
― E
depois, como faremos
para
não cair novamente
sobre
os recifes?
―
Usaremos as vergas
para
virar o fluxo da fumaça
na
direção oposta
a
que desejamos ir. – responde
sem detalhar muito,
pois sua atenção estava focada
em calcular a posição do canhão.
―
Como é que é?
―
Esqueça. Depois eu mostro!
Ajude-me
a dar carga.
A dupla mune
a peça de artilharia
com pólvora, pavio e bala.
Murmurando uma última prece,
Pierre acende a dita mecha.
Segundos que parecem
uma eternidade se passam
até que por fim
com um estrondo
dá-se o disparo.
À perfeição o projétil
descreve a órbita elíptica
que Pierre tão cuidadosamente
calculara.
Uma fenda se abre
ao longo do velame,
deixando escapar o fumeiro escuro.
A belonave inicia
vagarosamente sua descida,
porém ainda restava o “onde”.
―
Venha, Plunkett!
Agora
é conosco!
Temos
de virar de bordo! Já!
Seguindo as orientações do timoneiro,
o irlandês iça as relingas,
adriças e cada cabo
que suas forças lhe permitem;
submetendo as vergas
a uma tensão que
por muito pouco
não as estilhaça
e fazendo o navio inteiro
adernar.
Seguindo uma rota oblíqua
em relação à costa,
a embarcação aproxima-se
com vagar de seu primeiro
e último pouso.
A dupla mal consegue
respirar até sentirem
a água tocar a quilha
e com a suavidade de um anjo
o portentoso galeão
realizar sua amaragem:
próximo à costa o bastante
o mantém afastado dos recifes
e longe o suficiente
para não encalhar
nos bancos de areia.![]() |
Acender o pavio... |
![]() |
...do canhão... |
![]() |
...é a parte mais fácil. A função da artilharia em um galeão consome muito trabalho e por vezes no mínimo de 4 a 5 marujos! |
![]() |
Porém, aqui, Plunkett e Pierre terão de fazer o trabalho de cinco. E rápido! |
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A menos que desejem passar o resto de suas vidas malditas em uma nau pedida nos céus! |
![]() |
O contramestre se vê louco tendo de cuidar de TODOS os cabos e vergas de bordo! |
![]() |
Mas ao final todos os esforços são recompensados quando El Bravio de Los Mares amerissa em segurança próximo a costa da Ilha do Desespero! |
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Atreva-se, diga-me o que está pensando!
Se veio até aqui, não recue!
Se és contra, a favor ou muito pelo contrário(?!),
tanto faz...
Afinal, esta é uma tribuna livre.
E uma certeza podes ter como absoluta:
RESPOSTA TU TERÁS!!!!!!