Google+ Scooby Doo & Salsicha: a dupla lariqueira | A Pirâmide de Kukúlkan

O último reduto onde os Asseclas do CONCLAVE encontram-se...

Scooby Doo & Salsicha: a dupla lariqueira

Foi num bar na zona oeste, que ouvi essa história. Nenhum dos que se encontravam na mesa naquela noite sabe quem era o cara que a contou. Lembro apenas que chegou, disse ser amigo da Bruna (que Bruna? - pensei) e sentou. Perguntei como estava a Bruna e ele respondeu que “já estava voltando”, o que só tornou a coisa mais obscura. Não nos incomodamos com aquela inusitada presença e continuamos nosso papo.

O sujeito não falou nada durante a maior parte da noite, apenas concordando com movimentos da sobrancelha. Bebeu gin tônica. Três. Às duas e vinte (anotei no meu caderninho), no entanto, o cara contou uma história. Uma história fantástica, que surpreendeu a todos, tanto pela erudição da narrativa como pelo conteúdo. Foi o seguinte, o que o amigo da Bruna (?!) falou:
— Scooby Doo é da década de setenta. É um desenho hippie, portanto. Vejam vocês: são quatro amigos e um cachorro que cruzam os EUA num furgão psicodélico em que eles se trancavam para fumar um. É esse o ponto de partida. Tipo Easy Rider. Scooby Doo é um Road Cartoon.
Cada personagem do desenho representa uma droga.
— Salsicha (cujo verdadeiro nome é Rogers Norville) e Scooby Doo são os maconheiros. Por isso ficam na parte de trás do furgão, para não contaminar os outros com a marofa. Eles só pensam em comida, são uns puta lariqueiros. E estão sempre com preguiça de fazer as coisas, nunca dirigem nem ajudam os outros. Olha só o visual do Salsicha, é o típico maconheiro: cavanhaque, barba por fazer, camiseta solta, calça precisando fazer a barra, o fato de ele conversar com cachorros...
— O Scooby é cúmplice (sofre de fome crônica, tá sempre batendo a larica): alguém que consegue comer, em média, 93 biscoitos de cachorro por episódio não pode ser normal. Nem mesmo sendo um Dogue Alemão mutante super-desenvolvido!!!
— Fred Jones, o loiro que dirige é o bicudão. Boy cherador. Sempre, alerta, sempre dirigindo, tomando atitudes e todo arrumadinho.
— Daphne Blake, a gostosinha (e era bem gostosinha aquela lá, né?) é meio anfetamina, meio bolinha para emagrecer. preocupada com a forma, modelete, e também sempre alerta.
— Velma Dinkley, a de óculos é a mais psicodélica. Os óculos caem e ela tem alucinações. Pensem os óculos como a fina barreira do ego, a muleta da razão, e imaginem que as alucinações são os fantasmas do inconsciente que vêm à tona, por causa da mescalina, ácido, alguma coisa assim.
— No final dos episódios, o culpado é sempre algum velho proprietário querendo rever seus bens. Ou alguém atrás de uma herança. De qualquer maneira, é sempre a propriedade privada que está em jogo, ou a manutenção do status quo. E que artifícios o status quo usa para se manter? Cria fantasmas, imagens falsas para fazer a cabeça das novas gerações.
— Mídia, meus amigos, mídia! E os quatro jovens mais o cachorro sempre vão além dessas falsas imagens e descobrem a verdade. É a ascese platônica, o esclarecimento, alfklerüng, essas baboseiras. É claro que também tem o lado ideológico da coisa. O lado empreendedor dos quatro, tipo self-made man. Os quatro acham que podem sair mundo afora resolvendo problemas alheios, assim como os EUA acham que podem mandar seus marines invadirem qualquer país do mundo onde acreditem haver um “velho parque de diversões assombrado”.
— É hippie mas também é doutrinário. Scooby Doo, como tudo na vida, é paradoxal. Paradoxal não, dialético. Sim. Tem um negócio engraçado, também, mas que tem mais a ver com a tradução: o Salsicha, em inglês, tem sotaque texano. Aqui ele tem um sotaque meio nordestino.
— Bom, gente já é tarde, tenho que ir. Dez reais dá? Tchau.” E assim, sem mais nem menos, nosso penetra se foi. Ainda falei:
— Dá um beijo na Bruna! - mas acho que ele não ouviu. Já estava longe.
Sidinei Lander da Silva Pereira: Mestre de RPG, aprendiz de escritor, leitor voraz, quadrinista fanático, cinéfilo compulsivo, agnóstico independente, livre-pensador, fã incondicional de O Senhor dos Anéis (livro e filme), música para mim é Clássica, Jazz, Blues, Rock'n Roll e Metal! E tenho dois gatos... Quer saber mais sobre mim? Veja meu perfil no Google Plus!

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