PIRATAS!!! - Cap. 137

― O desespero já começa a 

apossar-se de nós quando uma 

gargalhada tenebrosa

ecoou de proa a popa!

Era Sangre que saíra de sua cabina,

segurando aquela esmeralda maldita

que carrega com ele. Ergueu-a no ar e

um cegante brilho verde

tomou todo o galeão.

As sombras desapareceram e

os corpos mortos quedaram

REALMENTE mortos.

― Então, presenciamos algo

que cada um de nós se esforça

para esquecer:

um imenso demônio-serpente

enrolado no mastro principal!

Sua cabeça monstruosa que

mais parecia um ouriço-do-mar

tinha o tamanho de dois escaleres!

Tentáculos que lembravam

um polvo selvagem emergiam

aqui e ali ao longo do corpo

vermelho enegrecido

coberto de escamas espinhosas!

Dava voltas em torno do mastro até 

o tombadilho, suando ácido venenoso 

que corroía o madeirame.

A ponta da cauda assemelhava-se

a um cachimbo de onde

saíam vapores deletérios!

― Com certeza deve ter sido o que

deixou aqueles infelizes loucos!

Conclui Estevãn.

― É, deve ser.  – anui o Casca-Grossa.

― Lembro de ver Sangre sacar o sabre

e caminhar calmamente

na direção do monstro.

Atalha Cervantes.

― Isso mesmo, quem o visse pensaria

que estava indo ao balcão da taberna

a fim de tomar um bom rum!

Observa Isca-de-Tubarão.

― E falando em rum, foi nesse

exato momento que o Onça surgiu sei lá

de onde, talvez de dentro de um dos 

barris amarrados a estibordo.

Lembra Ramirez.

― A bombordo.

Murmura Bertolluci.

― Como?

O imediato vira-se para ele.

E Estevãn e tomando coragem, 

arremata sua confissão:

― A bombordo, os barris estavam

a bombordo. Procurei refúgio em

um deles quando a situação começou

a ficar estranha. Ao perceber que tudo

acalmara, saí dali e vendo

a oportunidade de pôr o inimigo

para correr saltei com meu sabre

em punho e decepei a cauda do demônio!