
A Balada do Velho Marinheiro
EM SETE PARTES
PARTE I
É um velho Marinheiro,
E detém um, de três que vê:
E detém um, de três que vê:
- "Por tua barba branca e cintilante olhar,
Tu me deténs por quê?
(Um velho marinheiro encontra três Galantes convidados a uma festa nupcial, e detém um. )
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Quadro 1: Tu me deténs por que? |

Agora o noivo escancarou as suas portas,
E eu sou seu familiar.
O comensal se apresta, principia a festa;
Ouve o alegre exultar."

Com a escarnada mão ele o detém ainda;
"Houve um navio..."lhe disse.
"Solta-me! Solta-me barbado vagabundo!"
Deixou que a mão caísse.

Com o olho cintilante ele o detém agora...
E, quieto, o Convidado
Fica a escutar, como criança de três anos,
Pelo outro dominado.
(O convidado nupcial é enfeitiçado pelo olhar do velho homem do mar, e é obrigado a ouvir sua história.)
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Quadro 2: O convidado do casamento |

O convidado vai sentar-se numa pedra:
Vê-se forçado a ouvir;
E sua fala prossegue o Marinheiro antigo
De olhar a refulgir.

" O navio foi saudado, o porto evacuado;
Equipagem radiante,
Passamos sob a igreja, sob o promontório,
Sob o farol adiante.

À nossa esquerda então o sol se levantava,
Do mar a se elevar;
Era um claro esplendor... Depois ia se pôr
À direita no mar.
(O Marinheiro conta como o navio velejou para o sul com vento favorável e bom tempo, até alcançar o Equador.)

Sempre, sempre mais alto, até que sobre o mastro
Pairava ao meio-dia..."
O ouvinte contrafeito aqui bateu no peito:
O alto fagote ouvia.

Agora a noiva já ingressara no salão,
Rubor rosa tem;
A inclinar as cabeças, menestréis alegres
À sua frente vêm.
(O convidado ouve a música nupcial, mas o Marinheiro continua sua narrativa.)
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Quadro 3: Vermelha, como uma rosa é a noiva |

O ouvinte contrafeito aqui bateu no peito,
Mas é forçado a ouvir;
E sua fala prossegue o Marinheiro antigo
De olhar a refulgir.

" E eis que colheu os navegantes a borrasca,
Tirânica e violenta;
Veio nas asas da surpresa, e nosso barco
Para o sul afugenta.

Pendiam os seus mastros, mergulhava a proa...
Como quem, a dar gritos e golpes em perigo,
Persegue e pisa a sombra do inimigo,
Curva à frente a cabeça,
O barco assim se evade; e ruge a tempestade
Que ao sul nos arremessa.

E de repente nos envolvem névoa e neve,
Com um frio assassino;
E, alto de um mastro ao vê-lo, flutuava gelo
De um verde esmeraldino.
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E, entre os blocos errantes, penhas alvejantes
Dão espectral fulgor;
Homens não vemos e animais que conhecemos...
Só há gelo ao redor.
O gelo estava aqui, o gelo estava ali,
Só gelo no lugar;
E rangia e rosnava, e rugia e ululava,
- Os sons de um desmaiar.
(A terra do gelo e de sons terríveis onde nenhum ser vivo se podia ver.)
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Quadro 6: Era gelo a toda volta |

Enfim passou por nós, bem no alto, um Albatroz,
Vindo da cerração;
Em nome do Senhor nós o saudamos, como
se fosse outro cristão.

Comeu o que jamais comera, e lá na altura
Volteava sobranceiro;
Rompeu-se o gelo então co'o estrondo de um trovão...
Passou o timoneiro!
(Até que uma grande ave marinha, chamada Albatroz, veio entre a névoa, e foi recebida com grande alegria e hospitalidade.)
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Quadro 7: O albatroz |

E do sul um bom vento nos soprava alento;
O Albatroz nos seguia,
E à nossa saudação, por fome ou diversão,
Buscava todo dia!
(E eis que o Albatroz se revela uma ave de bom augúrio, e segue o navio em seu retorno para o norte em meio à neblina e ao gelo flutuante.)

Em névoa ou nuvem vem, no mastro ou no ovém,
Por vésperas nove pousar;
Enquanto a noite inteira, em bruma alva e ligeira,
Luzia o alvo luar."

" Velho Marujo! Deus te salve dos demônios
Que de ti vão empós...
Que olhar! Que te molesta?" Com a minha besta
Eu matei o Albatroz.

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