Google+ A Balada do Velho Marinheiro - II | A Pirâmide de Kukúlkan

O último reduto onde os Asseclas do CONCLAVE encontram-se...

A Balada do Velho Marinheiro - II


A Balada do Velho Marinheiro

EM SETE PARTES


PARTE II

Pela direita agora o Sol se levantava:

Do mar a se elevar

Ainda em meio à bruma; e adiante, à nossa esquerda,

Deitava-se no mar.



E do sul o bom vento nos soprava alento...
Mas ave não se via

Que à nossa saudação, por fome ou diversão,

Acorresse algum dia!


E meu ato infernal traria para todos
A desgraça improvisa,
Pois, para toda a nave, eu fora a morte da ave
Que faz soprar a brisa.
(Seus companheiros de bordo protestam contra o velho Marinheiro, por matar a ave da sorte.) 


Quadro 9: Eu havia feito uma coisa infernal 



Glorioso o Sol surgiu, nem rubro nem sombrio,
Tal qual fonte divina;

E, para toda a nave, eu fora a morte da ave

Que traz névoa e neblina.

Justo era, em seu pensar, tal pássaro matar

Que traz névoa e neblina.

(Mas quando a neblina se ergueu eles o justificam, tornando-se assim, eles próprios, cúmplices do crime.)



A branda brisa arfava, a espuma alva voava,
E o sulco solto a esfiar...

Jamais humana voz soara antes de nós

Naquele mudo mar.

(O vento brando continua; o navio entra no Oceano Pacífico, e veleja rumo ao norte, até alcançar o Equador.) 

E o vento cede, as velas cedem... Quem iria
Tristeza mais triste encontrar?
E nós falávamos tão-só para romper
O silêncio do mar!
(O navio foi subitamente imobilizado.) 

E num ardente céu de cobre, ao meio dia,
Em sangue o sol flutua,
Pairando bem em cima do alto mastro,
Não maior do que a Lua. 

Dia após dia, o barco ali, dia após dia,
Sem sopro, ali, cravado;
Ocioso qual uma pintada embarcação
Num oceano pintado.
(E o Albatroz começa a ser vingado.)

Água, água, quanta água em toda a parte,
E a madeira a encolher;
Água, água, quanta água em toda a parte,
Sem gota que beber. 

Quadro 10: Água, água em todo lugar



O próprio abismo apodrecia... Como, ó Cristo,
Aquilo foi se dar?

Coisas viscosas e com pernas rastejavam

Sobre o viscoso mar. 

Quadro 11: A Fogos-da-Morte dançavam à noite



Sant'Elmo urdia à noite um coriscar de açoite,
Turbilhão e tropel;

A água - um óleo de bruxa - verde, azul e branca

Ardia sob o céu.



E alguns em sonhos garantiam ver o Espírito
Que atormentar nos deve;

Nove braças ao fundo, havia nos seguido

Do lar de névoa e neve.

(Um Espírito os havia seguido, um dos habitantes invisíveis deste planeta, não almas que se foram nem anjos; a seu respeito, o erudito judeu Josefo e o constantinopolitano platônico Miguel Psellus podem ser consultados. São muito numerosos, e não há terra ou elemento sem um ou mais.) 

Quadro 12: A nove braças de profundidade ele havia nos seguido



O calor e a aridez tinham secado a língua,
Que até a raiz afligem;

E não podíamos falar, como se a nós

Sufocasse a fuligem.



Ah! Então - ai de mim! - que olhares mais terríveis
Tive de velho e moço!

Como cruz para o algoz, ataram o Albatroz

Em torno a meu pescoço.

(Os companheiros, em sua dolorosa aflição, desejavam lançar a culpa toda sobre o velho Marinheiro; como indício de tal coisa, penduraram a ave marinha morta em seu pescoço.)


Sidinei Lander da Silva Pereira: Mestre de RPG, aprendiz de escritor, leitor voraz, quadrinista fanático, cinéfilo compulsivo, agnóstico independente, livre-pensador, fã incondicional de O Senhor dos Anéis (livro e filme), música para mim é Clássica, Jazz, Blues, Rock'n Roll e Metal! E tenho dois gatos... Quer saber mais sobre mim? Veja meu perfil no Google Plus!

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