PIRATAS!!! - Cap. 279

Quase 36 horas antes, 

algumas milhas náuticas a oeste da Ilha do Desespero. 

Em pleno mar e no centro de um furacão...

Ele sempre soube que embarcar 

naquela casca de noz 

resultaria em desastre, porém, 

o que mais restava a Olavídez? 

Permanecer no navio de Morgan 

e soçobrar nele igual a capitão 

que não abandona o navio 

ou fugir como um rato 

a bordo do escaler?

Na dúvida optou por seguir 

com seus companheiros. 

Mas ele nunca esteve tão certo 

em toda sua vida. Mal embarcaram 

e poucas remadas depois 

as ondas fizeram o bote em pedaços! 

Ele e seus companheiros 

foram espalhados ao sabor das vagas, 

cada um lutando como podia 

pela própria vida.

Olavídez de Andaluzia 

era um jogador inveterado, 

sabia blefar como poucos 

e arriscava a sorte com ousadia, 

mas nem ele apostaria em 

sua própria sobrevivência 

naquele momento!

Ao ver as barbatanas dos tubarões 

aproximarem-se velozmente 

na sua direção sabia que 

sua derradeira hora chegara. 

Mas não se entregaria de bom grado 

aos peixes, não ele, 

não um marujo do Demônio Maia, 

não um pirata de Sangre! 

Não! Ele venderia muito caro sua carne! 

Puxou duas adagas da cintura 

e com uma em cada mão 

desafiou-o:

― Ven tiburón, venga a buscar su cena!

No que o seláquio 

aproximou-se o bastante, 

o corsário projetou-se 

empunhando ambas as adagas 

na direção do enorme peixe 

antes que este pudesse dar o bote. 

Sua loucura surpreende o animal 

que tenta desviar-se e 

recebe uma das lâminas 

no olho esquerdo. 

A criatura debate-se em dor, 

mas Olavídez responde cravando 

a outra adaga próxima 

à guelra direita.

Ao final da cruel batalha naval...

...entre piratas ingleses e espanhóis...

...poucos escaparam vivos...

...e Olavídez foi um desses sortudos!

Ele e seus companheiros abandonaram
a incendiada nau de Morgan...

...incertos quanto ao seus destinos,
não viam outra escolha...

...que não fosse enfrentar as gigantescas ondas...

...do oceano enfurecido por um furacão...

...a bordo de um minúsculo escaler!

O resultado previsível foi
o naufrágio da pequena casca-de-noz...

E o início da luta de Olavídez por sua sobrevivência
em águas infestadas de tubarões...

...famintos e agressivos!

Com uma adaga...

...em cada mão...

...ele partiu para a mais desesperada
e desproporcional briga de sua vida!