Narval matuta profundamente,
então se ergue num rompante,
caminha até Drake e
encarando-o firmemente diz:
― Se vamos fazer isso, será do meu jeito.
Quero Sangre morto!
Não me interessa se Elizabeth
deseja esquarteja-lo em frente
à Abadia de Westminster
ou enforcá-lo na Ponte de Londres!
Ele é meu e esse direito tu não me negarás.
O brilho no olhar de Narval
deixa nítido que ele não
abrirá mão de sua exigência.
Drake entorna o resto do vinho e anui.
― Está certo, amigo, relaxe.
Não esqueça que estamos todos
do mesmo lado e...
Mas antes que ele possa completar
a frase seu colega o interrompe:
― E outra coisa...
― O que é agora?
― Passe pra cá essa garrafa!
E assim dizendo toma-a
e vira metade de seu conteúdo
de um gole só!
Estupefato, Drake murmura:
― Meu precioso Côtes du Rhône!
Isso também vai pra sua conta, Sangre!
Após removerem as velas
do Lei de Elizabeth e as adaptarem
aos mastros do Golden Hind,
Drake partiriam a toda velocidade
rumo à Ilha do Desespero,
deixando para trás uma
ansiosa tripulação perdida em um barco
à deriva no meio do oceano.
Pouco antes de levantar âncora
Narval vai até uma cabina improvisada
no deck inferior onde seu irmão
Ardor De La Cruz estava instalado.
Durante a batalha o camarote
em que ficara desde que viera a bordo
fora atingido por um canhonaço.
Por muito pouco sua vida não foi ceifada
naquele momento. Parecia realmente que
o Destino o estava guardando para algo...
Narval adentra o pequeno espaço.
― Irmão; terei de deixá-lo
por algum tempo,
muito embora
contra minha vontade.
Bem sabes que
o fado de comandar
é não fazer o que se quer,
mas antes o que for necessário.
― Evidente. Como achas
que acabei nesta situação?
Silêncio constrangedor.
― Não fique assim, Narval!
Faça o que tem de fazer.
Aguentei muito bem até aqui.
Só te peço uma cousa.
― Dizei irmão.
― A cabeça de Sangre espetada
na ponta de um sabre!
Tamanha revolta e ódio eram
totalmente compreensíveis
a quem sabia o que ele passou
nas mãos do terrível pirata espanhol.
Narval apenas assente e despede-se.
― Adeus irmão. Alexander
atenderá quaisquer necessidades
que porventura tenhais.
Em tom de resmungo redargui:
― Ótimo! Pedirei a ele que
me traga uma perna...
Ao sair dali, no coração compungido
soturna sensação o aflige:
de que nunca mais o veria com vida.
No convés chamou seu imediato
e o timoneiro China.
― Nossa situação não é nada boa,
mas na ilha conseguiremos suprimentos,
retornaremos e nossa próxima parada
serão as docas do porto de Londres.
Conto com vocês para manterem
tudo sob controle até minha volta.
E Alexander: tome conta de meu irmão.
Ele... Bom, tu entendes...
― Sim senhor.
Os marinheiros anuem.
Toda a tripulação a bordo
presta continência a seu capitão.
Confiam a ele suas vidas. Cegamente.
Então, dando uma última olhada
em seu despedaçado navio,
Narval retorna ao Golden Hind.
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Capitão Narval decide aceitar a proposta... |
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...depois da mesma ser adoçada com um excelente vinho francês... |
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...aliás, o último da adega particular de Drake! |
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Graças ao Lei de Elizabeth, o Golden Hind voltará a cruzar os mares... |
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...agora com as velas dos navio de Narval. |
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Com o coração compungido, o capitão despede-se de seus marujos... |
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...que resignados veem o Golden Hind afastar-se rumo a um destino incerto (como o deles)... |
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...todavia, nada poderá impedir Francis Drake de buscar sua ansiada vingança!!! |
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Atreva-se, diga-me o que está pensando!
Se veio até aqui, não recue!
Se és contra, a favor ou muito pelo contrário(?!),
tanto faz...
Afinal, esta é uma tribuna livre.
E uma certeza podes ter como absoluta:
RESPOSTA TU TERÁS!!!!!!