Após muitos meses de atraso
El Bravio de Los Mares
finalmente atraca em
El Puerto de Santa María, em Cádiz,
de lá Sangre ruma ao
Palácio do Escorial
onde relata o desastre total
que fora sua missão
ao rei Filipe II
(omitindo certas partes
evidentemente...), que escuta
em silêncio o desenrolar
do drama do capitão.
Após ouvir tudo,
o rei ergue-se,
dá alguns passos para frente
em direção a Sangre.
Seus olhos demonstram
um misto de raiva e frustração.
Volta-se para o mapa
na parede a sua esquerda
e de sobre uma mesinha próxima
apanha um florete
(presente de um armador
à Sua Majestade,
uma peça ricamente ornada
e forjada no mais puro aço de
Toledo)
e, sereno, descreve
a presente situação:
— Neste exato momento
a Invencível Armada
está bem próxima de atingir
a costa anglo-saxão
em uma missão de Justiça:
vingar minha amada Mary
Stuart,
destronar a infame Elizabeth
e levar de volta a luz da
Cristandade
àquelas terras
dominadas por hereges,
todavia, uma esquadra inglesa
comandada por seu “amigo”
Capitão Drake virá em defesa
do indefensável. - neste momento
o rei vira-se para o Capitão Sangre
e segurando a ponta do florete
com a canhota enquanto mantém
firme a empunhadura
com a mão direita,
curva a lâmina em arco e
vocifera com os olhos em
brasa:
— Traga-me a cabeça deste
miserável
e o coração da vaca-louca
inglesa
e eu o perdoarei. Do contrário
nem todos os demônios
com os quais tens pacto
o salvarão de minha ira!!!!
- a fúria do rei é tamanha
que a espada departe-se ao
meio.
A lâmina partida queda,
retinindo por longo tempo.
— Saia já da minha frente,
seu fracassado, suma-se e
não ouse voltar aqui vivo
se falhar de novo!!!!!
Sangre retira-se sem pronunciar
uma única palavra,
as portas fecham com
fragor atrás de si.
Após matar de cansaço
três parelhas de cavalos
em sua pressa desabalada
para chegar ao porto (vindo de
Madri),
Sangre embarca, iça âncora
e parte para o confronto
definitivo
com Narval, Drake e Morgan.
Era chegado o momento da
Vingança.
Entretanto quis a História
que fosse tudo por água
abaixo...
A Invencível Armada não era
tão invencível assim,
como provou Drake
ao afundar 23 navios!
Os britânicos vencem
e a guerra continuou.
Perseguida pelos ingleses,
melhores estrategistas,
a Invencível Armada
gorou miseravelmente:
dos 130 galeões originais
voltaram somente 63
às terras de Filipe II.
A poderosa esquadra foi
dispersa
pelas belonaves comandadas por
Drake
e terminou arrasada por uma
tempestade
de origem sobrenatural...
(OBS: detalhes da batalha
e a participação dos piratas
no confronto com a
Invencível Armada
serão esmiuçados no livro
a ser publicado.)
Após os eventos que levaram
a derrocada da Invencível
Armada,
o capitão Francis Drake
e seus aliados retornam
às terras britânicas
em absoluto triunfo,
auferindo o incondicional
reconhecimento da nação.
Em cerimônia realizada
na Abadia de Westminster
regida pela rainha Elizabeth
I,
perante toda a realeza,
os corsários são cobertos
de glória e haveres!
Entretanto, a História
não perdoa os vencidos.
E após esta que foi com
certeza
]a mais grandiosa batalha
naval
que a Antiguidade
ou a era Moderna
jamais presenciaram,
Sangre, seu navio e tripulação
desapareceram sem deixar
rastros.
Que fim teria levado
os flibusteiros espanhóis?
Tudo o que se soube deles
após a batalha foram histórias
sussurradas por marujos
bêbados
em portos distantes
e nem tudo o que falam
nas tavernas é verdade...
Ninguém costuma levar a sério
maranduvas contadas
por velhos marinheiros,
lendas sem valor,
alvitres do rum em mentes
ociosas...
Dizem que em noites sem lua
um navio sem nome
e sem outra bandeira
que não a Jolly Roger,
surgia do nada,
envolto em espectral neblina,
atacava desavisados navios
(fossem ingleses ou espanhóis),
pilhava-os e os mandava ao
fundo
com toda a tripulação a bordo,
mesmo que viva!
Falam até que em uma
noite de tempestade
o próprio Demônio surgiu
em meio a chamas diabólicas
no convés do navio
para confabular com Sangre!
Dizem que o capitão então
chamou seu imediato Ramirez
e pediu-lhe algo ao pé do ouvido
e este então trouxe uma botija
que foi generosamente servida
em um caneco escuro
e entregue pelo capitão
às mãos do próprio Satã,
que entornou goela abaixo o
líquido
para em seguida regurgitá-lo
com nojo.
— Vinagre!? Como ousa?
Nem aos condenados
do 7º Círculo do Infernum
servimos vinagre aos sedentos,
nós os cozinhamos em óleo,
mas não damos vinagre a eles,
isso não é desumano, cruel
ou demoníaco! É abusivo!!!
E blasfemando o
Imperador das Trevas
Transformando-se
em negro fumeiro
desceu ao Submundo
que é sua morada.
Muitas outras histórias
versam acerca de alguns
membros da tripulação:
Do imediato
Ramirez Saragoça de
Compostella
narram que evitou
diversos motins a bordo,
tendo inclusive salvo a vida
de seu capitão inúmeras vezes
e que Sangre iniciou-o
nos caminhos da Magia Negra,
até mesmo revelando-lhe
a origem de seu poder:
um antigo demônio profano
adorado pelos primitivos povos
pagãos da América Espanhola,
cujo nome era impronunciável.
Envolveu-se com o Conclave.
Seu destino é incerto.
Dizem as lendas que abdicou
de tudo para passar eternidade
com uma Sereia que conquistou-lhe
o coração de modo
irreversível.
O jovem Cervantes “Aranha-do-Mar”,
que contam, pulava feito um
macaco
do cordame de um navio a
outro,
até que um dia caiu justo
em cima do capitão.
Como era sabedor que o rapaz
tinha pavor de tubarões,
aplicou-lhe um castigo deveras
cruel:
mandou pendurá-lo em uma corda
e o deixar pairando
a poucos centímetros da água
e sangrando feito um porco!!!
Ficou uma semana nessa
situação
e para não morrer de fome
usava pedaços da própria roupa
como isca para pescar
e comia cru o que pegava!
Testemunhas alegam que se
tornou
apto a sobreviver a qualquer
situação adversa, ficando até
mesmo
imune a dor física!
Aranha-Do-Mar não ficou
abusado,
mas talvez um pouco mais
descuidado,
o que o levava volta e meia a
chibata!
O carrasco de bordo chegou ao
ponto
de se indignar tanto,
que enraivecido lançou ao mar
seu gato-de-nove-caudas!
Mesmo assim continuou
tendo pânico extremo de
tubarões
(vivos ou mortos) perdendo
totalmente o controle quando
perto de um desses bichos
(tamanho homem com medo
de uma sardinha crescida!).
Ainda assim navegou
ao lado de Sangre por muitos anos
até que um dia,
emboscados pelos porcos
ingleses,
vendo seu capitão na iminência
de perder a vida, Cervantes
defendeu-o
da morte certa (bravura esta
que
custou-lhe o olho esquerdo).
Como recompensa alguns dias
depois
Sangre o manda em um pequeno bote
com mantimentos, algumas
armas,
pouca munição e um mapa
à uma ilha próxima.
Era uma despedida.
O Aranha-Do-Mar remou à ínsula,
seguiu as indicações do mapa
e encontrou um fantástico
tesouro.
E escondido em uma
pequena caverna próxima,
uma chalupa.
Embarcou parte do ouro
e partiu rumo a uma
ilha habitada próxima.
Lá, no porto, graças a seus
contatos,
conseguiu um navio maior.
Voltou à ilhota,
resgatou o tesouro
e com ele conquistou sua
própria ilha nas Caraíbas!
Viveu como um rei até
o fim de seus dias,
cercado de belas africanas
que satisfaziam seus
lúbricos desejos bizarros(!!!).
Também há muitos relatos
sobre um escocês (aqueles
bárbaros!!!)
de alcunha estranha:
Douglas “Chuk-Chuk” MacGregor
ou algo assim,
as histórias acerca dele são
as mais fantásticas possíveis!
Possuidor de uma mão
esquelética
que fazia tudo o que ele
mandava
e uma claymore
matadora-de-bruxas,
capaz de pressentir Magia Negra!
É dito que sua lâmina
nunca perdia
o fio
e cortava pedras
e correntes
de aço
com um golpe só;
que acertava um alvo
em noites sem lua
atirando sua espada
em meio à escuridão,
não importando quão negras
fossem as trevas
e outras absurdas narrativas,
incríveis demais
para serem factíveis.
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El Bravio de Los Mares... |
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...após meses no mar, enfim... |
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...chega à Cádiz, em Espanha... |
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...todavia, Sangre não permanece muito tempo ali, partindo rapidamente para Madri, ao Palácio do Escorial... |
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...onde encontra-se pessoalmente com o rei Filipe II a fim de prestar contas de seu malogro! |
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O soberano não fica nada satisfeito (pra dizer o mínimo) e apontando o mapa na parede... |
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...intima Sangre a uma nova missão, cujo único resultado admissível era a vitória. |
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Em silêncio o capitão pirata sai e ruma a sua nau, partindo em seguida... |
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...para juntar-se aos demais navios da Invencível Armada. |
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Entretanto a "Invencível" mostrou-se vencível... |
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...e mais uma vez Francis Drake impõe uma derrota monstruosa ao império espanhol!! |
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E como se tal não bastasse, a esquadra de Filipe II ainda é atingida por uma violenta tempestade... |
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...que termina por desbaratar o pouco que restara inteiro de sua tão decantada Armada! |
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Poucos dias depois, na Abadia de Westminster... |
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...a rainha Elizabeth I, soberana da Inglaterra... |
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...diante de toda a corte... |
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...consagra o maior de todos os comandantes corsários que a Grã-Bretanha já viu: Sir Francis Drake! |
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E os piratas espanhóis? Deles só rumores em tabernas fétidas... |
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...acerca de um funesto navio... |
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...que surge à noite em meio à neblina,,, |
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...trazendo em seu bojo apenas dor e morte... |
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...atacando outras naus sem piedade.. |
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...até literalmente fazê-las em pedaços... |
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...enviando-as às profundezas do oceano... |
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...ou se tivessem muuuuuita sorte encalhadas e desmanteladas em algum rochedo costeiro... |
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...do contrário toda a tripulação terminaria alimentando os peixes! |
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Sussurram-se histórias macabras, como a visita de um demônio em chamas... |
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...que veio para tomar rum com Sangre... |
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...e o pirata teve a audácia de servir-lhe vinagre!!! |
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Dizem que o diabo foi-se em meio a uma nuvem negra prometendo vingança! |
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De seu imediato Ramirez... |
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...contam que aprendeu Magia Negra com o próprio Sangre... |
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...que adorava a mesma entidade que seu capitão... |
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...e que teria se envolvido com uma seita herege que ninguém sequer sabe o nome! |
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Outros dizem que largou tudo por uma sereia. Não seria o primeiro... |
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Do corsário conhecido como Aranha-Do-Mar falam que certa feita desabou sobre o capitão e este o castigou... |
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...fazendo de isca... |
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...para tubarão! |
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Depois disso ele tornou-se tão resistente à dor que fez o carrasco do navio perder as medidas... |
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...e lançar seu gato-de-nove-caudas ao mar de tanta raiva! |
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Apesar de tudo ele salvou a vida de Sangre arriscando a própria e foi regiamente recompensado... |
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...com um tesouro e os meios... |
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...para resgatá-lo. |
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Em uma ilha próxima ele conseguiu o necessário... |
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...para buscar todo o resto daquela descomunal fortuna... |
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...com a qual conquistou sua própria ilha... |
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...onde passou o resto da vida entre belas mulheres negras... |
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...que sempre foram a sua preferência... |
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Mas talvez aquele acerca do qual mais narrativas são tecidas seja o escocês Douglas "Chuk-Chuk" Mac Gregor! |
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Fábulas acerca de uma mão esquelética que o servia fielmente... |
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...e sua poderosa espada claymore (que diziam ser capaz de matar bruxas e sentir Magia Negra)! |
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Reza a lenda que tão poderosa arma foi escondida e mantida sob a guarda de poderosos magos celtas! |
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Atreva-se, diga-me o que está pensando!
Se veio até aqui, não recue!
Se és contra, a favor ou muito pelo contrário(?!),
tanto faz...
Afinal, esta é uma tribuna livre.
E uma certeza podes ter como absoluta:
RESPOSTA TU TERÁS!!!!!!